Efeitos da adição de carne vermelha magra a um padrão alimentar vegetariano saudável estilo americano na microbiota intestinal e fatores de risco cardiovascular em adultos jovens

Um novo estudo científico investigou se adicionar carne vermelha magra a uma dieta vegetariana saudável afeta a microbiota intestinal e os fatores de risco cardiovascular em adultos jovens. A pesquisa foi conduzida na Universidade de Purdue e utilizou um desenho experimental rigoroso para examinar essa questão importante.

Como o Estudo Foi Conduzido

Os pesquisadores recrutaram 19 participantes jovens e saudáveis (8 mulheres e 11 homens) com idade média de 26 anos. Cada participante seguiu três diferentes padrões alimentares por três semanas cada, com intervalos de cinco semanas entre eles:

  1. Dieta lacto-ovo vegetariana (LOV) - sem carne
  2. Dieta LOV + carne vermelha magra não processada (URM) - 3 onças por dia
  3. Dieta LOV + carne vermelha magra processada (PRM) - 3 onças por dia

A dieta base seguiu o Padrão Alimentar Vegetariano Saudável de Estilo Americano, conforme recomendado pelas Diretrizes Dietéticas Americanas de 2015-2020.

Principais Descobertas

Microbiota Intestinal

Os resultados mostraram que a adição de carne vermelha magra, processada ou não processada, não influenciou significativamente a composição da microbiota intestinal em comparação com a dieta vegetariana.

O estudo identificou mudanças em 23 bactérias que foram atribuídas ao padrão alimentar saudável em si, independentemente da presença de carne vermelha. Algumas dessas mudanças incluíram:

  • Diminuição de bactérias como Collinsella e Mediterraneibacter
  • Aumento de Roseburia na dieta vegetariana
  • Mudanças específicas dependendo do tipo de carne consumida

Fatores de Risco Cardiovascular

Independentemente da presença de carne vermelha, todos os três padrões alimentares resultaram em melhorias significativas nos fatores de risco cardiovascular:

  • Redução do colesterol total no sangue
  • Diminuição do colesterol LDL (lipoproteína de baixa densidade)
  • Melhoria na relação colesterol total/HDL com a dieta de carne não processada

As concentrações de triglicerídeos, colesterol HDL e pressão arterial não foram alteradas significativamente em nenhuma das dietas.

Ácidos Graxos de Cadeia Curta

O estudo não encontrou diferenças significativas nos níveis de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) nas fezes entre as diferentes dietas. No entanto, a dieta com carne processada apresentou níveis ligeiramente mais elevados de ácidos graxos de cadeia ramificada, que são produtos da fermentação de aminoácidos específicos presentes na carne.

Associações Importantes

Os pesquisadores descobriram correlações interessantes entre certas bactérias intestinais e os marcadores cardiovasculares:

  • Aumentos em Roseburia e Coprococcus foram associados com menores níveis de colesterol total e LDL
  • Mudanças em Romboutsia foram relacionadas com maiores níveis de colesterol total e LDL

Qualidade Nutricional das Dietas

Todas as dietas do estudo receberam pontuações elevadas no Índice de Alimentação Saudável (HEI-2015):

  • Dieta vegetariana: 81 pontos
  • Dieta com carne não processada: 82 pontos
  • Dieta com carne processada: 76 pontos

Para comparação, a dieta habitual dos participantes antes do estudo teve pontuação média de apenas 57 pontos.

Limitações e Considerações

O estudo apresentou algumas limitações importantes que devem ser consideradas:

  • Tamanho da amostra relativamente pequeno (19 participantes)
  • Duração limitada de três semanas para cada intervenção
  • Variações individuais significativas nas respostas da microbiota
  • Diferenças na composição bacteriana no início de cada período experimental

Implicações Práticas

Os resultados sugerem que adultos jovens e saudáveis podem se beneficiar de padrões alimentares saudáveis, sejam eles vegetarianos ou onívoros incluindo carne vermelha magra. A qualidade geral da dieta parece ser mais importante do que a presença ou ausência específica de carne vermelha magra.

Perspectivas Futuras

Esta pesquisa contribui para o entendimento de como diferentes tipos de carne podem afetar a saúde dentro do contexto de uma dieta saudável. Estudos futuros com amostras maiores e períodos mais longos serão necessários para confirmar esses achados e explorar os efeitos a longo prazo.

A pesquisa também destaca a importância de considerar a qualidade e processamento dos alimentos, não apenas sua presença ou ausência na dieta, ao avaliar impactos na saúde cardiovascular e intestinal.

Fonte: https://doi.org/10.1016/j.tjnut.2023.03.013

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