Comparação do Consumo de Ovos Inteiros e Claras de Ovo Durante 12 Semanas de Treinamento de Força em Homens Treinados

O estudo publicado no British Journal of Nutrition em 2020 avaliou os efeitos do consumo de ovos inteiros (com gema) em comparação com o consumo de claras de ovo (sem gema) ao longo de 12 semanas de treinamento de força em homens já treinados. O objetivo foi analisar se haveria diferenças nos marcadores reguladores do músculo esquelético e na composição corporal entre os dois tipos de ingestão proteica, quando a quantidade de proteína era equivalente.

Contexto e Metodologia

Os ovos são reconhecidos como fonte de proteína de alta qualidade devido ao seu perfil completo de aminoácidos e alta digestibilidade. No entanto, há um hábito comum de retirar a gema por preocupações com o colesterol e lipídios. Isso pode impactar a ingestão proteica total, já que a gema contém cerca de 40% da proteína total do ovo.

Para o estudo, 30 homens treinados em resistência (média de 24,6 anos) foram divididos em dois grupos:

  • Grupo WER (Whole Egg + Resistance Training): consumia três ovos inteiros ao dia.
  • Grupo EWR (Egg White + Resistance Training): consumia seis claras ao dia, quantidade ajustada para igualar o teor proteico ao do grupo WER.

Ambos os grupos seguiram um programa periodizado de treinamento de força durante 12 semanas. As avaliações incluíram composição corporal, força máxima (supino e agachamento) e marcadores reguladores musculares no sangue, como myostatin, follistatin, transforming growth factor-β1 (TGF-β1), activin A e fibroblast growth factor-2 (FGF-2).

Principais Resultados

Composição Corporal e Força

  • Ambos os grupos ganharam massa magra de forma semelhante (WER: +2,9 kg; EWR: +2,7 kg).
  • A gordura corporal diminuiu em ambos os grupos (WER: -1,9 kg; EWR: -1,1 kg).
  • A força máxima em supino e agachamento aumentou significativamente em ambos os grupos, sem diferenças relevantes entre eles.

Marcadores Reguladores Musculares

  • Houve aumento semelhante em follistatin e FGF-2, e redução em myostatin, TGF-β1 e activin A em ambos os grupos.
  • Não foram observadas diferenças estatísticas entre os grupos nos marcadores reguladores musculares.

Ingestão Nutricional

  • O teor proteico foi mantido equivalente nos dois grupos (~1,4 g/kg/dia).
  • O grupo WER apresentou maior ingestão de colesterol e alguns micronutrientes (como vitamina D e tiamina), mas isso não se traduziu em diferenças nos desfechos musculares e funcionais.

Discussão

Os dados indicam que, quando a ingestão proteica total é equivalente, o consumo de ovos inteiros ou claras resulta em adaptações similares na composição corporal, força e marcadores reguladores musculares durante o treinamento de força. Isso contrasta com estudos prévios que sugeriram maior síntese proteica aguda com o consumo de ovos inteiros após exercícios. A pesquisa reforça a importância do teor proteico total na dieta, enquanto os nutrientes não proteicos da gema parecem não exercer impacto adicional nas adaptações crônicas ao treinamento.

Os autores destacam limitações, como o uso de bioimpedância para análise da composição corporal e a ausência de avaliação do perfil lipídico, o que poderia fornecer informações sobre o impacto do maior consumo de colesterol do grupo WER.

Implicações Práticas

Para atletas e praticantes de musculação, o estudo sugere que tanto ovos inteiros quanto claras podem ser utilizados como fontes proteicas no suporte ao treinamento, desde que o aporte de proteína seja adequado. Entretanto, os efeitos de longo prazo do consumo diário de ovos inteiros sobre a saúde cardiometabólica permanecem incertos e necessitam de mais investigação.

Fonte: https://doi.org/10.1017/S0007114520002238

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