Experiência clínica e pesquisa com a Dieta Paleolítica Cetogênica (PKD) – 2010 a 2017


A trajetória da Paleomedicina Hungary entre 2010 e 2017 reúne uma ampla base de experiências clínicas com a dieta paleolítica cetogênica (PKD), utilizada como abordagem terapêutica para uma série de doenças crônicas — especialmente autoimunes, metabólicas e oncológicas. A apresentação conduzida pelos médicos Csaba Tóth e Zsófia Clemens no Congresso de Nutrição Evolutiva em Lisboa (2017) sistematiza os achados clínicos acumulados durante esse período.

Primeiros pacientes: ponto de virada terapêutica

O primeiro caso, iniciado ainda em 2009, foi de um homem com Crohn, hipertensão, diabetes tipo 2, obesidade (103 kg), eczema e arritmia ventricular. Após oito anos de tratamentos convencionais sem sucesso, ele iniciou uma dieta paleolítica e apresentou normalização de pressão, glicemia e perda de 23 kg em seis meses — embora os sintomas intestinais e dermatológicos tenham apenas melhorado parcialmente. Já o segundo paciente, com histórico de infarto, diabetes tipo 2 insulinodependente e hipertensão, alcançou normalização glicêmica em dois dias e suspendeu quase todos os medicamentos em uma semana.

Limitações da dieta paleolítica convencional

Entre 2010 e 2013, a equipe acompanhou cerca de 2000 pacientes com a dieta paleolítica. Resultados positivos foram observados em hipertensão, controle glicêmico, enxaqueca e refluxo. Contudo, doenças autoimunes como Crohn, Hashimoto, artrite reumatoide, epilepsia e câncer mostraram pouca ou nenhuma melhora. A principal razão identificada foi a manutenção de alimentos que comprometem a permeabilidade intestinal, como nozes, óleos vegetais e adoçantes como xilitol e eritritol.

PKD: a abordagem evolutiva

Em 2013, a equipe passou a aplicar sistematicamente a Dieta Paleolítica Cetogênica (PKD), caracterizada por:

  • Composição exclusivamente de alimentos de origem animal;
  • Ausência total de suplementos, vegetais, frutas, sementes, adoçantes e óleos vegetais;
  • Garantia de cetose nutricional contínua.

Essa dieta, segundo os autores, é a única que comprovadamente normaliza a permeabilidade intestinal — elemento central no desencadeamento de doenças autoimunes e câncer.

Resultados clínicos com a PKD

A PKD foi aplicada com sucesso em pacientes com diversas condições autoimunes, como:

  • Diabetes tipo 1 de início recente (com relatos de reversão da insulina-dependência por até 3 anos);
  • Crohn (com regressão completa de sintomas e normalização de exames de imagem e laboratoriais);
  • Esclerose múltipla, lúpus, tireoidite de Hashimoto, púrpura trombocitopênica e síndrome de Guillain-Barré.

Além disso, houve benefícios relatados em condições oncológicas (como câncer de reto, mama e linfomas), embora a adesão estrita à dieta tenha se mostrado determinante para a estabilização ou regressão tumoral.

Casos específicos de destaque

  • Autismo: uma criança de 6 anos com autismo pós-vacinal apresentou melhora significativa em comportamento, comunicação, sociabilidade e autonomia após dois meses em PKD.
  • Gravidez e parto: mulheres que seguiram a PKD durante a gestação relataram ausência de náuseas, menor ganho de peso, partos mais fáceis e recuperação mais rápida.
  • Vitamina C e magnésio: apesar da exclusão de frutas e vegetais, os níveis séricos desses nutrientes se mantiveram normais, indicando que a dieta é nutricionalmente adequada.

Barreiras e limitações

A maior limitação observada foi a baixa adesão a longo prazo — cerca de 80% dos pacientes não conseguem manter a PKD, principalmente por pressões sociais e médicas. O uso concomitante de medicamentos também compromete a eficácia da dieta, sobretudo em casos de epilepsia (com fármacos antiepilépticos) e câncer (com quimioterapia).

Conclusão

A PKD se mostra, de acordo com os dados da Paleomedicina Hungary, uma intervenção clínica eficaz, especialmente para doenças autoimunes e distúrbios metabólicos, ao restabelecer a integridade das barreiras biológicas, promover cetose sustentada e eliminar fatores dietéticos inflamatórios. No entanto, sua eficácia depende diretamente da adesão estrita e da ausência de medicamentos interferentes.

Fonte: https://www.researchgate.net/publication/324876812_CLINICAL_EXPERIENCE_AND_RESEARCH_WITH_THE_PALEOLITHIC_KETOGENIC_DIET_PKD_-_2010-2017

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