Nas últimas décadas, o óleo de soja se tornou o tipo de gordura mais usado no mundo. Está presente em praticamente tudo: frituras, molhos, biscoitos, salgadinhos e até alimentos “fit”. Esse consumo exagerado preocupa os cientistas, porque o óleo de soja é muito rico em ácido linoleico, uma gordura do tipo ômega-6 que, em pequenas quantidades, é necessária para o corpo — mas, em excesso, pode trazer sérios problemas.
Um estudo recente da Universidade da Califórnia mostrou que o óleo de soja pode estimular o ganho de peso, causar acúmulo de gordura no fígado e alterar o metabolismo de forma negativa, mesmo quando as calorias da dieta são as mesmas. Ou seja, não é só a quantidade de gordura que importa, mas o tipo.
Os pesquisadores compararam dois grupos de camundongos. Um deles foi alimentado com dieta rica em óleo de soja, e o outro com dieta rica em óleo de coco, que tem menos ácido linoleico. Mesmo comendo a mesma quantidade de comida, os animais que consumiram óleo de soja engordaram mais, acumularam mais gordura no corpo e no fígado e apresentaram dificuldade em controlar o açúcar no sangue.
O que explica essa diferença é o que acontece dentro do fígado. O ácido linoleico do óleo de soja é transformado em substâncias chamadas oxilipinas. Essas moléculas estão ligadas à obesidade, à resistência à insulina e a doenças inflamatórias. O estudo mostrou que quanto mais oxilipinas o corpo produz a partir do óleo de soja, maior o ganho de peso.
Nos camundongos que tinham uma alteração genética e produziam menos dessas substâncias, o efeito foi o oposto: mesmo comendo óleo de soja, eles não engordaram e não tiveram gordura no fígado. Isso indica que o problema principal não é apenas a gordura em si, mas a forma como o corpo reage ao ácido linoleico.
Além disso, o óleo de soja reduziu a eficiência das mitocôndrias, que são as “usinas de energia” das células. Com isso, o corpo dos animais gastava menos energia e armazenava mais gordura. O óleo de coco, por outro lado, não provocou esses efeitos negativos e manteve o metabolismo mais equilibrado.
Os pesquisadores também observaram que o óleo de soja não causou inflamação direta, mas mudou o funcionamento do metabolismo de um jeito que facilita o ganho de peso e a produção de gordura no fígado. Isso ajuda a entender por que o aumento do uso de óleos vegetais industriais nas últimas décadas vem acompanhado do crescimento da obesidade e de distúrbios metabólicos.
Em resumo, o estudo mostra que:
- O óleo de soja, por ser muito rico em ácido linoleico, favorece o ganho de peso e o acúmulo de gordura.
- O problema está nas substâncias formadas quando o corpo metaboliza esse ácido.
- Essas substâncias, chamadas oxilipinas, podem interferir no metabolismo e reduzir a queima de energia.
- Mesmo sem aumentar a inflamação, o óleo de soja altera o equilíbrio do organismo e pode prejudicar a saúde a longo prazo.
Essas descobertas sugerem que reduzir o consumo de óleos vegetais ricos em ômega-6 — como o de soja, milho e girassol — pode ajudar a proteger o metabolismo e evitar o ganho de peso, especialmente quando substituídos por gorduras mais estáveis, como as encontradas no coco, na manteiga e em alimentos de origem animal.
