O livro Mental and Elemental Nutrients: A Physician’s Guide to Nutrition and Health Care, publicado em 1975 pelo médico e pesquisador Carl C. Pfeiffer, representa um marco na medicina ortomolecular. A obra se concentra na relação entre nutrição e saúde mental, defendendo que muitos distúrbios psiquiátricos não são apenas expressões de fatores psicológicos ou sociais, mas sim consequências diretas de carências nutricionais.
Ao longo de mais de 400 páginas, o autor mostra como a reposição de proteínas, vitaminas e minerais pode transformar quadros de esquizofrenia, depressão, insônia, hiperatividade infantil, fadiga e até processos de envelhecimento. E, nesse contexto, os alimentos de origem animal ocupam papel central, pois fornecem nutrientes essenciais de forma insubstituível.
1. A centralidade das proteínas animais
Segundo Pfeiffer, a adequada ingestão de proteínas só pode ser garantida com a presença de alimentos de origem animal. Eles oferecem todos os aminoácidos essenciais em proporções ideais para o cérebro e os tecidos corporais.
O autor escreve:
“Nenhum alimento corresponde exatamente 100% ao padrão exigido pelo corpo, mas a proteína do ovo chega mais perto... Os padrões de aminoácidos mais próximos aos do ovo são encontrados no leite, peixe, queijo, carne vermelha e aves”.
Esse destaque reflete sua visão de que, ao contrário das proteínas vegetais, muitas vezes incompletas, as fontes animais oferecem um perfil de aminoácidos adequado para manter o funcionamento neurológico e a reparação celular.
2. O papel dos ovos
Na década de 1970, os ovos eram frequentemente demonizados por supostamente elevarem o colesterol. Pfeiffer se opôs a essa ideia, mostrando que, além de não causarem doença cardiovascular em indivíduos saudáveis, são fontes valiosas de colina, vitaminas lipossolúveis e proteína de alta qualidade.
“Comer ovos não explica nem causa doença cardíaca... a menos que você seja um paciente coronariano de alto risco, tenha seus um ou dois ovos por dia para uma boa nutrição econômica”.
Para o autor, retirar o ovo da dieta significaria abrir mão de um dos alimentos mais completos já disponíveis ao ser humano.
3. Leite e derivados como fonte de minerais
O leite aparece repetidamente no livro como uma das principais fontes de cálcio biodisponível, essencial para ossos, dentes e também para a transmissão elétrica entre neurônios. Além disso, oferece proteínas de fácil digestão e equilíbrio com magnésio e fósforo.
“O leite é normalmente a melhor fonte de uma solução equilibrada de cálcio, magnésio e fósforo... Dois copos de leite por dia devem ser bebidos por todo indivíduo em crescimento e por toda gestante”.
Pfeiffer reconhece que parte da população pode apresentar intolerância à lactose, mas não considera isso um argumento para excluir o leite indiscriminadamente da alimentação.
4. Vitaminas de origem animal e saúde mental
O autor dedica atenção especial à vitamina B₁₂, presente quase exclusivamente em produtos animais. Sua ausência pode provocar desde anemia até sintomas psiquiátricos graves, como depressão e distúrbios cognitivos.
“A deficiência de vitamina B-12... é inevitável para o vegano, a menos que ele tome um suplemento de B-12. Recebemos B-12 quase exclusivamente de produtos de origem animal, sendo as principais fontes carne, aves, peixe, ovos... e laticínios”.
Além da B₁₂, Pfeiffer destaca a vitamina D (encontrada em peixes gordurosos e fígado), bem como as vitaminas A, E e K — todas lipossolúveis e dependentes de fontes animais — como nutrientes fundamentais para a proteção antioxidante, para a imunidade e para a preservação da função cerebral.
5. Minerais em abundância nas fontes animais
Entre os minerais, o ferro ocupa lugar de destaque. O autor resgata a prática clínica de utilizar fígado como recurso terapêutico em casos de anemia perniciosa:
“Pacientes que comiam fígado tinham remissão em sua anemia perniciosa... Alguns pacientes comiam de 450 g a 900 g de fígado por dia para controlar sua anemia”.
O zinco, outro mineral abundante em carnes e frutos do mar, aparece repetidamente como essencial para o equilíbrio do humor, a cicatrização e a função cognitiva. Pfeiffer mostra que a deficiência de zinco está ligada a quadros de depressão, dificuldade de aprendizado e maior suscetibilidade a infecções.
6. Vegetarianismo: vantagens e limitações
Embora Pfeiffer reconheça que dietas vegetarianas possam trazer alguns benefícios, como maior consumo de fibras, ele ressalta que elas inevitavelmente deixam lacunas em nutrientes essenciais:
“A vitamina B-12... é encontrada apenas em produtos de origem animal; assim, a deficiência de B-12 é inevitável para o vegano, a menos que ele tome um suplemento de B-12... Outro nutriente importante que pode faltar em uma dieta vegetariana é o zinco”.
Para o autor, essas deficiências ajudam a explicar a associação observada entre certas dietas vegetarianas e sintomas de fadiga, déficit cognitivo e maior incidência de doenças.
7. Síntese da obra
Ao longo do livro, Carl Pfeiffer não rejeita totalmente o uso de medicamentos, mas insiste que a base da saúde mental e física deve ser construída sobre nutrição adequada. E, nesse contexto, os alimentos de origem animal são insubstituíveis, pois fornecem proteínas completas, vitaminas lipossolúveis, minerais em alta biodisponibilidade e compostos que não se encontram em plantas.
A mensagem que atravessa toda a obra é clara: uma dieta sem carnes, ovos, peixes, leite e vísceras compromete inevitavelmente a saúde do corpo e da mente.
Conclusão
A leitura de Mental and Elemental Nutrients mostra que, já em 1975, havia evidências clínicas e laboratoriais sólidas de que deficiências nutricionais estavam diretamente associadas a quadros psiquiátricos e neurológicos.
Ao priorizar alimentos de origem animal, não se trata apenas de nutrir o corpo, mas também de proteger o cérebro, a cognição, o humor e a própria capacidade de viver plenamente. Pfeiffer antecipou, de forma visionária, debates que ainda hoje permanecem atuais: o lugar insubstituível da carne, dos ovos, do leite e dos peixes como pilares da saúde integral.
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