Um grande estudo prospectivo conduzido no Japão avaliou a ingestão de fibras alimentares em mais de 64 mil homens e mulheres de meia-idade e idosos, acompanhados por cinco anos. O objetivo era investigar se a quantidade total de fibras, ou sua origem (cereais, leguminosas, vegetais e frutas), poderia influenciar o risco de desenvolver diabetes tipo 2. Diferentemente do que muitas pesquisas anteriores em populações ocidentais apontaram, os resultados desta coorte japonesa foram desfavoráveis, sem evidências de efeito protetor.
Principais desfechos
1. Ausência de associação com fibras totais
Mesmo entre os participantes que consumiam mais fibras na dieta, não foi observada redução do risco de diabetes tipo 2. O quartil superior de ingestão de fibras apresentou uma razão de chances (OR) de 0,91 em comparação ao quartil inferior, valor estatisticamente não significativo.
2. Sem benefício por tipo de alimento
A análise por fontes específicas mostrou resultados igualmente neutros:
- Cereais: OR 0,95 (IC95% 0,79–1,14)
- Leguminosas: OR 0,96 (IC95% 0,78–1,19)
- Vegetais: OR 1,00 (IC95% 0,81–1,23)
- Frutas: OR 1,12 (IC95% 0,90–1,39)
Ou seja, nenhuma categoria alimentar rica em fibras esteve ligada à proteção contra diabetes na amostra.
3. Consumo de arroz branco sem efeito positivo
Mesmo ao separar as fibras de cereais “não derivados do arroz”, não houve sinal de associação favorável. Isso sugere que, no contexto japonês, o predomínio do arroz branco na dieta não trouxe qualquer benefício relacionado ao risco da doença.
4. Efeito restrito apenas a subgrupo etário
Foi identificado um sinal de proteção em indivíduos com menos de 60 anos, mas esse efeito não se manteve nos mais velhos. De fato, em pessoas acima dessa idade, a associação chegou a apontar um risco discretamente maior, embora também sem significância estatística. Isso mostra que qualquer possível benefício das fibras foi limitado e inconsistente.
5. Confirmação do contraste com estudos ocidentais
Enquanto revisões e meta-análises em populações ocidentais mostram redução do risco de diabetes com maior ingestão de fibras, principalmente de cereais integrais, este estudo japonês reforçou um resultado negativo e desanimador, evidenciando que, no padrão alimentar local, as fibras não exerceram o efeito protetor esperado.
Conclusão
O estudo japonês trouxe desfechos desfavoráveis ao investigar a relação entre fibras e diabetes tipo 2. Não houve associação significativa entre ingestão de fibras — totais ou específicas — e menor risco da doença. Além disso, o predomínio do arroz branco como principal fonte de cereais não mostrou qualquer efeito protetor. Esses achados contrastam com pesquisas em países ocidentais e destacam que, em determinadas populações e padrões alimentares, o aumento do consumo de fibras pode não resultar em benefícios claros para a prevenção do diabetes tipo 2.
Fonte: https://doi.org/10.1016/j.tjnut.2025.07.009
