Memórias do Ártico: vivendo com os Inuítes


Para os inuítes, a caça era essencial, e a foca era o alimento mais importante. Sua carne e gordura forneciam a energia necessária para sobreviver ao frio extremo. A carne, consumida crua ou cozida, alimentava tanto os inuítes quanto seus cães de trenó. A gordura, rica em calorias, ajudava a manter o corpo aquecido e fornecia energia para resistir às baixíssimas temperaturas. Além disso, o óleo de foca, extraído da gordura, era fundamental: queimava em lâmpadas de pedra, aquecia suas casas, cozinhava alimentos e derretia neve para água potável.

Duas espécies de foca eram vitais para os inuítes: a foca barbuda, que podia pesar até 600 quilos, e a foca anelada, menor, mas mais abundante. Além da foca, alguns grupos inuítes dependiam de outros animais marinhos. No delta do Mackenzie, a caça à beluga era predominante. Já os inuítes do mar de Bering e do estreito de Bering viviam principalmente da caça à morsa, uma fonte abundante de carne e gordura. Em outras regiões, caçavam focas-de-capuz e focas-arpa.

Durante a primavera e o verão, os inuítes armazenavam grandes quantidades de óleo de foca em bolsas de pele e caches de pedra para consumo futuro. Esse óleo também era usado como conservante: ovos de aves marinhas e vegetais silvestres eram mergulhados nele, mantendo-se frescos por até um ano. Na culinária inuíte, o óleo de foca acompanhava quase todas as refeições e era considerado indispensável – tanto que, ao viajarem para hospitais em cidades como Nome ou Anchorage, muitos inuítes levavam frascos de óleo de foca para garantir que a comida tivesse o "gosto certo".

Além disso, os inuítes criaram receitas especiais com gordura animal. Um exemplo é o "sorvete esquimó", feito de gordura batida misturada com frutas silvestres. Até mesmo uma versão rudimentar de chiclete era produzida a partir de óleo de foca solidificado e brotos de salgueiro.

A dieta inuíte era extremamente rica em gorduras e proteínas animais, mas, apesar de obterem até 40% de suas calorias da gordura, os inuítes tradicionais não sofriam de doenças cardíacas.

A alimentação inuíte era totalmente baseada nos recursos animais do Ártico, e a foca, em particular, era a base de sua existência.

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