Carne na dieta de atletas e adultos fisicamente ativos


O artigo de Brendan Egan, publicado na revista científica Meat Science, analisa o papel da carne na alimentação de atletas e adultos fisicamente ativos, relacionando esse alimento às necessidades aumentadas de proteína, energia e micronutrientes desse público.

O texto mostra que a carne, especialmente em sua forma não processada, pode ser uma aliada relevante para desempenho, recuperação e saúde global, quando inserida em um padrão alimentar equilibrado e em quantidades compatíveis com diretrizes de saúde.

Carne como alimento denso em nutrientes

O artigo descreve a carne como um alimento nutricionalmente denso, ou seja, que oferece muitos nutrientes importantes em relativamente pouco volume de alimento. Esse ponto é central para quem treina, porque atletas e adultos ativos têm mais demanda por:

  • Proteína de alta qualidade, com todos os aminoácidos essenciais;
  • Ferro na forma heme, mais facilmente absorvido;
  • Zinco, selênio, fósforo e potássio;
  • Vitaminas do complexo B (especialmente B2, B3, B5, B6 e B12), fundamentais para metabolismo energético;
  • Vitamina D, em quantidades variáveis conforme o tipo de carne e o manejo do animal.

A revisão enfatiza também o conceito de “matriz alimentar”: ao consumir carne, a pessoa não ingere apenas proteína, mas um conjunto de nutrientes e compostos bioativos agindo em conjunto, o que pode gerar efeitos diferentes daqueles obtidos com nutrientes isolados em suplementos.

Apoio às necessidades proteicas de quem treina

Um dos desfechos positivos mais claros é o papel da carne no atendimento das metas de proteína para atletas e adultos fisicamente ativos.

O artigo lembra que, para esse público, as recomendações de proteína costumam ficar na faixa de 1,2 a 2,0 g por quilo de peso por dia, com melhor aproveitamento quando a ingestão é distribuída em várias refeições ao longo do dia. Cada refeição tende a ser mais efetiva para recuperação muscular quando oferece aproximadamente 20 a 40 g de proteína.

A carne se encaixa bem nesse cenário porque:

  • É classificada como “fonte rica de proteína”;
  • Apresenta aminoácidos essenciais em proporções favoráveis para construção e manutenção de massa muscular;
  • Em porções usuais (cerca de 100 a 150 g crus por refeição), ajuda a atingir a quantidade de proteína desejada sem exigir grandes volumes de comida.

Para quem treina, isso se traduz em facilidade prática: incluir carne nas refeições reduz a necessidade de grandes ajustes alimentares ou uso extensivo de suplementos para alcançar a meta proteica diária.

Contribuição para recuperação e adaptação ao treino

A revisão destaca que a proteína da carne apoia diretamente processos centrais para o atleta, como:

  • Reparo do tecido muscular após treinos intensos;
  • Adaptação ao treinamento, favorecendo manutenção ou ganho de massa magra;
  • Preservação de força e desempenho, especialmente quando combinada com um plano de treinamento bem estruturado.

Além da proteína, a carne contém compostos como creatina, carnosina, taurina, colina e outros. O artigo observa que, na dieta habitual, as quantidades desses compostos são menores do que as usadas em protocolos de suplementação, mas ainda assim contribuem para a reserva global de nutrientes capazes de apoiar o desempenho físico e a função muscular.

Vantagens em termos de ferro, B12 e outros micronutrientes

Outro desfecho positivo importante destacado no artigo é o impacto da carne sobre o status de micronutrientes críticos para quem pratica atividade física regular.

Entre os principais pontos:

  • A carne, especialmente a vermelha não processada, é fonte relevante de ferro heme, que tem maior absorção intestinal em comparação com o ferro não heme de origem vegetal.
  • Ela também fornece vitamina B12, zinco, selênio e outras vitaminas do complexo B, que participam de:
    • produção de glóbulos vermelhos,
    • transporte de oxigênio,
    • funcionamento adequado de enzimas envolvidas na geração de energia.

A revisão menciona que, em estudos comparando diferentes padrões alimentares, pessoas que consomem carne tendem a apresentar melhor status de ferro do que aquelas que seguem dietas vegetarianas ou veganas, ainda que os ganhos em marcadores como hemoglobina sejam descritos como modestos.

Para atletas e adultos ativos, esse ponto é relevante porque anemias e deficiências de micronutrientes podem comprometer a disposição, a capacidade de treino e a recuperação.

Carne e equilíbrio da dieta em atletas e adultos ativos

O artigo mostra que, na prática, muitos atletas obtêm boa parte da proteína total diária de alimentos de origem animal, incluindo carne, aves e laticínios. Mesmo assim, os dados disponíveis indicam que o consumo médio de carne nesse grupo tende a:

  • Ficar dentro ou próximo dos limites semanais sugeridos por diretrizes de saúde pública, quando se considera principalmente carne não processada;
  • Contribuir de forma importante para o alcance das metas de energia, proteína e micronutrientes.

Isso significa que, em um padrão alimentar bem montado, a carne pode:

  • Facilitar o atendimento das necessidades nutricionais de quem treina;
  • Reduzir o risco de deficiências de ferro, B12, zinco e outros nutrientes sensíveis à restrição de alimentos de origem animal;
  • Ser compatível com recomendações populacionais de saúde, desde que respeitados limites de quantidade e priorizada a forma não processada.

Comparação com padrões alimentares sem carne

A revisão também discute dietas vegetarianas e veganas em atletas e adultos fisicamente ativos. Um ponto positivo para a carne, quando comparada à ausência completa de alimentos de origem animal, é a simplicidade do planejamento nutricional.

O artigo destaca que, em dietas sem carne:

  • A probabilidade de ingestão insuficiente de cálcio, iodo, ferro, zinco, vitamina B12, vitamina D e ômega-3 de cadeia longa (EPA e DHA) é maior;
  • Frequentemente é necessário planejamento mais rigoroso e, em muitos casos, suplementação específica guiada por exames laboratoriais.

Por outro lado, a revisão reconhece que dietas vegetarianas ou veganas bem planejadas podem sustentar bom desempenho esportivo, e não há evidência consistente de que a presença de carne seja obrigatória para resultados físicos favoráveis.

Ainda assim, do ponto de vista prático, o artigo sugere que a inclusão de carne na dieta de atletas e adultos fisicamente ativos simplifica o acesso a vários nutrientes críticos, reduzindo o risco de deficiências e a complexidade do manejo alimentar.

Compatibilidade com diretrizes de saúde pública

Um aspecto positivo enfatizado na revisão é que o consumo de carne por atletas e adultos ativos pode se manter alinhado às diretrizes de saúde pública, desde que se adotem algumas estratégias:

  • Preferir carne vermelha e de aves em forma não processada;
  • Utilizar porções próximas de 100 a 150 g de carne crua por refeição que contenha carne;
  • Manter o consumo semanal de carne vermelha dentro de faixas como 350 a 500 g de carne cozida, o que em muitos casos corresponde a cerca de 3 a 4 refeições com carne vermelha não processada por semana.

Ao seguir esses parâmetros, a pessoa fisicamente ativa consegue:

  • Aproveitar a densidade nutricional da carne, com proteína de alta qualidade e diversos micronutrientes;
  • Cumprir recomendações populacionais que buscam equilíbrio entre nutrição adequada e redução de risco de doenças crônicas em longo prazo.

Atividade física, carne e saúde global

O artigo também lembra que atletas e adultos fisicamente ativos, em geral, apresentam:

  • Maior nível de exercício regular;
  • Melhor composição corporal;
  • Menor prevalência de tabagismo;
  • Maior atenção à alimentação como um todo.

Nesse contexto, a carne, consumida de forma planejada:

  • Integra um estilo de vida globalmente mais saudável;
  • Ajuda a sustentar massa muscular, desempenho e recuperação;
  • Contribui para status adequado de micronutrientes, o que é importante tanto para saúde geral quanto para qualidade do treino.

A mensagem central, ao focar nos desfechos positivos, é que a carne não precisa ser vista como um elemento incompatível com saúde ou performance. Ao contrário, nas quantidades e formas analisadas na revisão, ela pode ser parte funcional e útil da dieta de quem se exercita com regularidade.

Síntese prática dos pontos positivos

De forma resumida, os principais desfechos positivos destacados no artigo sobre o papel da carne na dieta de atletas e adultos ativos incluem:

  1. Atendimento facilitado das metas de proteína. A carne oferece proteína completa, com todos os aminoácidos essenciais, em porções práticas para as necessidades elevadas de quem treina.
  2. Suporte à recuperação muscular e à adaptação ao treino. A combinação de proteína de alta qualidade e compostos bioativos contribui para reparo tecidual e preservação de massa magra.
  3. Melhor acesso a micronutrientes críticos. Ferro heme, B12, zinco, selênio e vitaminas do complexo B são fornecidos em quantidades relevantes, ajudando a evitar deficiências comuns em padrões alimentares que restringem alimentos de origem animal.
  4. Integração harmoniosa com diretrizes de saúde. Quando o consumo se concentra em carne não processada e dentro das faixas semanais sugeridas, a carne pode fazer parte de um plano alimentar alinhado às recomendações de saúde pública.
  5. Menor complexidade no planejamento nutricional. Em comparação com dietas sem carne, incluir carne na alimentação de atletas e adultos ativos tende a tornar mais simples o alcance de necessidades de proteína e micronutrientes, reduzindo a dependência de suplementação extensa.

Conclusão

O artigo conclui que a carne, particularmente em forma não processada e em quantidades compatíveis com as diretrizes atuais, pode ser uma componente positiva e funcional da alimentação de atletas e adultos fisicamente ativos.

Ela oferece uma combinação de proteína de alta qualidade, ferro heme, vitaminas e minerais essenciais que favorecem desempenho, recuperação e saúde global, desde que inserida em um contexto de estilo de vida ativo e padrão alimentar equilibrado.

Para quem treina com regularidade e busca conciliar performance e saúde a longo prazo, a mensagem central é que a carne pode ser uma aliada nutricional importante, quando escolhida e consumida com critério.

Fonte: https://doi.org/10.1016/j.meatsci.2025.110005

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