Quando comer muito não tem o mesmo efeito
Durante muito tempo, repetiu-se a ideia de que “engordar é só uma questão de comer mais calorias do que se gasta”. Mas um estudo recente resolveu colocar essa crença à prova de forma simples e direta. Um voluntário saudável passou 21 dias comendo cerca de 5.800 calorias por dia, em três dietas diferentes: uma com pouca gordura, outra com pouca quantidade de carboidratos e uma vegana com pouquíssima gordura. O objetivo era ver se, comendo a mesma quantidade de energia, o corpo reagiria da mesma forma.
Como foi feito o teste
O participante manteve a mesma rotina de exercícios, pesou-se todos os dias e mediu a cintura na altura do umbigo. Em cada uma das três fases, ele comeu as mesmas calorias, mas com composições bem diferentes:
- Dieta de baixo carboidrato: 72% de gordura, 22% de proteína e apenas 6% de carboidratos.
- Dieta de baixo teor de gordura: 64% de carboidratos, 23% de gordura e 13% de proteína.
- Dieta vegana de gordura muito baixa: 68% de carboidratos, 15,5% de gordura e 16,5% de proteína.
O cardápio também era bem distinto:
- Na baixa em carboidratos, havia carnes, ovos, peixes e vegetais pouco amiláceos.
- Na baixa em gordura, predominavam pães, massas, laticínios desnatados e produtos industrializados “light”.
- Na vegana, muita batata, arroz, feijão e frutas.
- Fonte: artigo completo.
O que aconteceu em apenas 3 semanas
Mesmo comendo a mesma quantidade de calorias, os resultados foram bem diferentes:
- Baixo carboidrato: ganhou 1,3 kg, mas perdeu 3 cm de cintura.
- Baixo teor de gordura: ganhou 7,1 kg e aumentou 9,2 cm de cintura.
- Vegana de gordura muito baixa: ganhou 4,7 kg e aumentou 7,7 cm de cintura.
Ou seja, as calorias eram as mesmas, mas o corpo reagiu de formas completamente diferentes.
O que isso pode significar
Esse experimento mostra que o tipo de alimento influencia como o corpo usa a energia. Em dietas com menos carboidratos e mais gordura e proteína, o organismo parece armazenar menos gordura corporal, mesmo comendo muito. Já dietas baseadas em carboidratos, principalmente os refinados, podem estimular maior acúmulo de gordura abdominal — pelo efeito da insulina, hormônio que regula o açúcar no sangue e o armazenamento de energia.
Isso não quer dizer que o estudo prova que uma dieta é “melhor” para todos. É apenas um caso bem documentado que sugere que nem todas as calorias são iguais quando chegam ao corpo.
Limites do estudo
- Foi feito com apenas uma pessoa, então não serve para tirar conclusões universais.
- Cada dieta incluía alimentos específicos, e alguns ultraprocessados podem ter influenciado o resultado.
- O período foi curto (21 dias), o que mostra apenas o efeito imediato.
Mesmo com essas limitações, os dados levantam uma questão importante: a qualidade da comida parece ter mais peso do que a contagem de calorias.
Referência: artigo.
O que se pode aprender com isso
Comer demais faz diferença, mas o tipo de alimento importa tanto quanto a quantidade.
Dietas ricas em alimentos naturais, carnes, ovos e gorduras saudáveis parecem gerar respostas metabólicas mais estáveis, enquanto dietas baseadas em massas, pães e produtos industrializados “light” tendem a causar maior acúmulo de gordura e flutuações hormonais.
O estudo reforça algo que muitas pessoas já percebem na prática: a forma como o corpo lida com as calorias depende de onde elas vêm.
Conclusão
Mesmo sendo apenas um relato individual, o experimento mostra de forma visual e simples que comer a mesma quantidade de energia pode levar a resultados completamente diferentes, dependendo dos alimentos escolhidos. É um lembrete de que, ao pensar em alimentação, vale mais olhar para a origem e a qualidade dos alimentos do que apenas para o número no rótulo.
