Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Ciências Médicas de Teerã buscou entender como diferentes padrões de nutrientes da dieta se relacionam com sintomas de depressão, ansiedade e sofrimento psicológico entre quase três mil adultos iranianos.
Os participantes eram funcionários da universidade, e suas dietas foram avaliadas com base em um questionário detalhado que registrava o consumo de alimentos ao longo do ano anterior. Em seguida, os pesquisadores agruparam os nutrientes mais consumidos em dois grandes padrões alimentares.
1. Padrão de nutrientes de origem animal (NP1)
Este grupo apresentou altos níveis de gorduras, proteínas, minerais e vitaminas do complexo B, nutrientes geralmente associados a alimentos de origem animal, como carnes, ovos, laticínios e frutos do mar.
Entre as mulheres, esse padrão foi ligado a menores índices de ansiedade e estresse. As que mais consumiam alimentos desse tipo tinham 48% menos chance de apresentar ansiedade e 40% menos chance de apresentar sofrimento psicológico, comparadas às que consumiam menos.
Nos homens, porém, não foi encontrada relação estatisticamente significativa.
Os autores destacam que nutrientes como zinco, ferro, magnésio e cálcio participam de processos essenciais do sistema nervoso. Eles ajudam a equilibrar neurotransmissores, reduzem inflamações cerebrais e protegem contra o estresse oxidativo, fatores que influenciam diretamente o humor.
Esses nutrientes atuam de forma conjunta: o zinco e o magnésio regulam substâncias cerebrais como o BDNF (fator neurotrófico derivado do cérebro), que favorece a regeneração neural e melhora o bem-estar emocional. Já o cálcio contribui para a liberação de serotonina, importante para estabilizar o humor.
Além disso, o tipo de gordura presente em alimentos como carnes, ovos e peixes contém ácidos graxos mono e poli-insaturados (MUFA e PUFA), que ajudam a reduzir substâncias inflamatórias como IL-6 e TNF-α, frequentemente associadas a sintomas depressivos.
2. Padrão de nutrientes de origem vegetal (NP2)
O segundo grupo se destacou pelo alto teor de carboidratos simples, fibras, vitamina C e betacaroteno, nutrientes encontrados principalmente em frutas, verduras e vegetais.
Embora esse padrão represente uma dieta rica em plantas e antioxidantes, não foi encontrada associação significativa com melhora ou piora da saúde mental em nenhum dos sexos.
Os autores observaram que, apesar de conter elementos protetores como fibras e vitaminas antioxidantes, o alto consumo de açúcares simples — como glicose, frutose e sacarose — pode anular parte desses benefícios. Estudos prévios já sugeriram que o excesso de açúcares está ligado ao aumento do risco de depressão e distúrbios de ansiedade.
Interpretação dos resultados
O estudo indica que alimentos de origem animal, ricos em proteínas, gorduras saudáveis e minerais, parecem ter um efeito protetor contra ansiedade e estresse, especialmente em mulheres. Já as dietas mais ricas em carboidratos e açúcares, mesmo acompanhadas de frutas e vegetais, não mostraram o mesmo benefício.
Os pesquisadores lembram, contudo, que se trata de um estudo observacional, o que significa que não é possível afirmar causa e efeito. Pessoas com melhor saúde mental podem simplesmente manter hábitos alimentares mais nutritivos. Ainda assim, os resultados reforçam a importância de nutrientes de origem animal para o funcionamento cerebral e equilíbrio emocional.
Conclusão
De acordo com os autores, a combinação de proteínas, gorduras naturais e minerais — típicos de alimentos animais — pode favorecer a saúde mental feminina, reduzindo o risco de ansiedade e sofrimento emocional.
Já o padrão baseado em frutas, vegetais e carboidratos não demonstrou relação clara com a melhora desses sintomas.
Mais pesquisas longitudinais são necessárias para confirmar esses achados e compreender os mecanismos envolvidos entre nutrição e saúde emocional.