Dieta cetogênica ao estilo mediterrâneo pode reduzir inflamação em mulheres com lipedema


O estudo publicado na revista Nutrients investigou se uma alimentação cetogênica inspirada no padrão mediterrâneo poderia diminuir a inflamação em mulheres com lipedema — uma condição que causa acúmulo doloroso de gordura, especialmente nas pernas e quadris. O trabalho acompanhou 48 mulheres por sete meses e foi conduzido por pesquisadores italianos e espanhóis.

O lipedema é um problema pouco reconhecido, mas que afeta milhões de mulheres no mundo. Ele provoca inchaço, dor, sensibilidade e sensação de peso nos membros inferiores, muitas vezes confundido com obesidade comum. Estudos recentes mostram que há um estado inflamatório crônico envolvido, ou seja, o corpo reage como se estivesse constantemente “irritado”, o que pode piorar sintomas e dificultar a perda de gordura.

Como foi o estudo

As participantes foram divididas em dois grupos: um formado por mulheres com lipedema e outro por mulheres com sobrepeso ou obesidade, mas sem lipedema. Ambas seguiram uma dieta cetogênica — um tipo de alimentação com baixo teor de carboidratos (menos de 50 g por dia) — adaptada ao estilo mediterrâneo. Isso significa que, em vez de se basear em queijos e carnes gordas, a dieta priorizou:

  • Azeite de oliva, peixes, nozes e abacate, fontes de gorduras boas (mono e poli-insaturadas);
  • Ovos, carnes magras e laticínios, como fonte de proteína;
  • Verduras, legumes e pequenas porções de frutas vermelhas;
  • Temperos naturais, ervas e chás com compostos antioxidantes.

O total de calorias foi levemente reduzido conforme as necessidades individuais. As mulheres fizeram consultas regulares, relataram o que comiam e foram acompanhadas com medições de peso, gordura corporal e exames de sangue.

O que foi avaliado

Os pesquisadores mediram proteínas no sangue que indicam inflamação — principalmente a proteína C-reativa (PCR) e a interleucina 6 (IL-6). Também calcularam o Índice Inflamatório da Dieta (DII), que mostra se o padrão alimentar tende a aumentar ou reduzir a inflamação. Quanto mais alto o DII, maior o potencial inflamatório da dieta.

Os resultados

Depois de sete meses, todos os grupos perderam peso e gordura, especialmente nas pernas e abdômen. No grupo com lipedema, o peso caiu de 86 para 74 kg, e o índice de massa corporal (IMC) diminuiu de 31 para 27. A gordura visceral, aquela mais associada a doenças metabólicas, também reduziu.

Mas o dado mais importante foi a queda da inflamação. A PCR e a IL-6 diminuíram significativamente, o que mostra que o corpo passou a reagir de forma menos inflamada. Além disso, o DII das participantes caiu — a dieta, antes considerada “pró-inflamatória”, tornou-se anti-inflamatória após a mudança alimentar.

Os pesquisadores observaram que, quanto mais anti-inflamatória a dieta, menores eram os níveis de inflamação no sangue. Ou seja, a qualidade da comida — e não apenas a quantidade — teve papel essencial na melhora.

O que isso significa

O estudo sugere que uma dieta cetogênica bem formulada, com foco em alimentos naturais e gorduras saudáveis, pode reduzir a inflamação e melhorar sintomas do lipedema. Isso mostra que nem toda alimentação rica em gordura é prejudicial: o tipo de gordura faz toda a diferença.

O azeite de oliva, o peixe e as nozes fornecem substâncias que combatem inflamações, enquanto os carboidratos refinados e ultraprocessados tendem a intensificá-las. Essa abordagem também preserva massa magra, reduz medidas e melhora a disposição geral.

Limitações do estudo

Os autores lembram que se tratou de um grupo pequeno e sem comparação com outras dietas, o que limita conclusões definitivas. Mesmo assim, os resultados reforçam que mudanças na alimentação podem ser parte do tratamento do lipedema, auxiliando a reduzir dor, inchaço e inflamação, sem depender apenas de remédios ou cirurgias.

Conclusão

Segundo os pesquisadores, comer menos carboidratos e priorizar gorduras boas, proteínas de qualidade e alimentos frescos pode ser uma ferramenta poderosa contra a inflamação, especialmente em mulheres com lipedema. A dieta cetogênica em estilo mediterrâneo mostrou ser uma alternativa promissora, segura e sustentável para melhorar saúde metabólica e bem-estar geral.

Fonte: https://doi.org/10.3390/nu17183014

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