Metabolismo ósseo e mineral em crianças finlandesas de 2–7 anos e seus cuidadores seguindo dietas veganas, vegetarianas e onívoras

Este estudo publicado eno European Journal of Nutrition investigou como diferentes padrões alimentares — veganos, vegetarianos e onívoros — influenciam o metabolismo ósseo e mineral em crianças de 2 a 7 anos e seus cuidadores adultos. A pesquisa ocorreu em Helsinque, na Finlândia, país que possui políticas fortes de fortificação com vitamina D e ampla recomendação de suplementação.

Como o estudo foi feito

  • Participantes: 74 crianças (29 veganas, 18 vegetarianas e 27 onívoras) e 75 cuidadores adultos.
  • Medições: sangue coletado em jejum para avaliar vitamina D, paratormônio (PTH), cálcio, fósforo e marcadores de formação e reabsorção óssea.
  • Alimentação: registros alimentares de três dias (incluindo um de fim de semana) para calcular ingestão de proteínas, cálcio, fósforo e vitamina D.
  • Ajustes: análises consideraram idade, sexo e índice de massa corporal.

O que foi observado em crianças

  • PTH mais alto em veganos e vegetarianos do que em onívoros: Isso sugere maior atividade de catabolismo ósseo, mesmo com níveis adequados de vitamina D e cálcio na dieta.
  • Formação e reabsorção óssea: sem diferenças claras nos marcadores (BAP e TRAP5b).
  • Cálcio e fósforo: ingestão média adequada, mas com relação cálcio:fósforo mais alta nos veganos.
  • Proteína: consumo mais baixo em crianças veganas e vegetarianas (12–14% da energia) comparado a onívoros (16–17%).

O que foi observado em adultos cuidadores

  • Turnover ósseo mais acelerado em veganos:

    • Marcadores de formação (BAP) e reabsorção (TRAP5b) mais elevados.
    • PTH mais alto nos veganos em relação aos vegetarianos.
  • Fósforo sérico mais baixo em veganos, mesmo com ingestão semelhante.
  • Vitamina D: níveis adequados em todos os grupos, graças à fortificação e ao uso de suplementos (mais de 70% dos participantes).
  • Proteína: menor em veganos e vegetarianos (13–14% da energia), maior em onívoros (≈17%).

Por que esses resultados importam

  • Vitamina D estava adequada para todos, mostrando que suplementação e fortificação funcionam bem na Finlândia.
  • Mesmo assim, surgiram sinais de maior catabolismo ósseo em crianças e de aceleração do turnover em adultos que seguiam dietas baseadas em plantas.
  • As duas principais explicações são:
    • Proteína insuficiente em quantidade e qualidade: as proteínas vegetais têm digestibilidade menor e perfil de aminoácidos menos favorável.
    • Biodisponibilidade do cálcio: apesar da ingestão numérica adequada, fatores como fitatos e oxalatos podem reduzir a absorção, além da diferença entre tipos de fortificação (ex.: fosfato tricálcico é menos absorvido que carbonato de cálcio).

O que já se sabia e o que este estudo acrescenta

  • Pesquisas anteriores já mostravam densidade mineral óssea menor e maior risco de fraturas em veganos, especialmente adultos.
  • Em crianças, estudos na Polônia haviam descrito PTH mais alto e densidade mineral óssea mais baixa em vegetarianos.
  • A novidade deste estudo foi mostrar que mesmo em um país com vitamina D fortificada e suplementada, ainda aparecem sinais de estresse no metabolismo ósseo em dietas baseadas em plantas.

Conclusão

O estudo sugere que dietas veganas e vegetarianas, ainda que bem planejadas e com vitamina D adequada, podem estar ligadas a maior atividade de reabsorção óssea em adultos e a sinais de catabolismo em crianças. O fator mais provável é a quantidade e qualidade da proteína, associada à absorção menos eficiente de cálcio.

Isso não significa que a saúde óssea vá necessariamente se deteriorar, mas indica a importância de monitorar proteína e cálcio em quem segue dietas baseadas em plantas, especialmente durante a infância e a vida adulta jovem, fases críticas para o crescimento e manutenção da massa óssea.

Fonte: https://doi.org/10.1007/s00394-025-03758-y

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