Influência dos níveis de atividade física dos pais nos níveis de atividade de crianças pequenas


Pesquisas de qualidade científica mostram que os hábitos dos pais exercem enorme impacto sobre a vida dos filhos. No Framingham Children’s Study, publicado no Journal of Pediatrics, cientistas acompanharam 100 crianças de 4 a 7 anos, juntamente com 99 mães e 92 pais, durante um ano inteiro. Para evitar distorções comuns de questionários, foi utilizado um acelerômetro eletrônico (Caltrac), capaz de registrar objetivamente os movimentos.

O monitoramento foi intenso: em média, as crianças usaram o aparelho por 10 horas diárias em 8,6 dias, as mães por 8,3 dias e os pais por 7,7 dias. Cada hora de movimento era convertida em “contagens” e, com base nisso, todos foram classificados como ativos ou inativos.

Os resultados são motivadores:

  • Filhos de mães ativas tiveram 2 vezes mais probabilidade de também serem ativos.
  • Filhos de pais ativos apresentaram 3,5 vezes mais chance de serem ativos.
  • Quando ambos os pais eram ativos, o efeito foi impressionante: a chance da criança ser ativa era 5,8 vezes maior do que em famílias nas quais nenhum dos pais se movimentava.

Esse efeito foi consistente tanto em meninos quanto em meninas. Em famílias nas quais pai e mãe valorizavam o movimento, cerca de 68% das crianças foram classificadas como ativas, enquanto nas famílias sedentárias esse número despencava para apenas 27%.

O estudo também discutiu possíveis mecanismos dessa influência:

  1. Exemplo direto – crianças imitam o comportamento dos pais.
  2. Compartilhamento de atividades – muitas brincadeiras e deslocamentos ocorrem em conjunto.
  3. Apoio e incentivo – pais ativos tendem a facilitar o acesso dos filhos a esportes e brincadeiras, comprando materiais ou oferecendo transporte.
  4. Componentes genéticos – pode haver predisposição herdada para maior nível de atividade.

Mesmo reconhecendo limitações — como o tamanho moderado da amostra e alguns intervalos de confiança amplos —, os autores reforçam a mensagem central: a atividade física dos pais está diretamente associada à atividade dos filhos, sendo mais forte quando ambos se movimentam regularmente.

Essa evidência inspira uma conclusão prática e motivadora: ao escolher se mover, o adulto não apenas protege a própria saúde, mas também multiplica vitalidade dentro de casa. O simples ato de caminhar, brincar no quintal, pedalar ou praticar um esporte se torna um poderoso legado para as próximas gerações.

Cada passo dado por um pai ou mãe pode significar, para a criança, a construção de um hábito que acompanhará toda a vida, reduzindo riscos de doenças crônicas e promovendo bem-estar duradouro. Ser ativo hoje é plantar saúde para o futuro da família.

Fonte: https://doi.org/10.1016/S0022-3476(05)80485-8

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