Poucos exames conseguem trazer tanta clareza sobre a saúde do coração quanto o escore de cálcio coronariano (CAC). Ele é realizado por meio de tomografia computadorizada de alta resolução, um exame rápido, indolor e não invasivo.
O procedimento é simples: o paciente deita em uma maca que desliza para dentro do tomógrafo, enquanto eletrodos são fixados no peito para sincronizar as imagens ao batimento cardíaco. Não é necessário contraste, nem jejum prolongado, e em poucos minutos o equipamento registra cortes axiais do tórax, permitindo que softwares especializados detectem e quantifiquem a presença de cálcio nas artérias do coração. O resultado é traduzido no chamado escore de Agatston, um número que expressa a quantidade total de cálcio encontrado.
Os valores seguem uma escala de interpretação bem definida:
- 0: nenhuma calcificação detectável, associado a risco muito baixo de eventos cardíacos.
- 1 a 100: presença discreta.
- 101 a 400: risco aumentado.
- Acima de 400: risco elevado, exigindo atenção redobrada.
Com esse contexto em mente, eu, Maurício (47 anos), e minha esposa Tatiane (45 anos), decidimos investigar nossa saúde cardiovascular depois de quase 8 anos de dieta carnívora. Queríamos algo objetivo, que mostrasse com clareza como estavam nossas artérias após anos de uma alimentação baseada em carne vermelha, ovos, gordura animal e laticínios.
O resultado não poderia ser mais motivador:
- Tatiane: escore de cálcio zero.
- Maurício: escore de cálcio zero.
Na prática, isso significa que, apesar das preocupações comuns sobre carne, gordura e colesterol, não há qualquer sinal de calcificação nas nossas artérias coronárias. Nossos exames apontam risco muito baixo de infarto ou obstruções no futuro próximo, reforçando que os temores generalizados em relação a esses alimentos não se confirmaram no nosso caso.
É aqui que entra a parte motivadora, mas também a prudente. Esse resultado mostra que uma dieta carnívora, para nós, não levou a sinais de aterosclerose calcificada. Isso ajuda a desmistificar um medo antigo de que gordura e carne vermelha seriam inimigos inevitáveis do coração. Porém, o escore de cálcio deve sempre ser interpretado com cautela: risco muito baixo não significa risco zero absoluto. O acompanhamento clínico, os exames laboratoriais e a observação contínua do estilo de vida seguem sendo fundamentais.
Esse aprendizado ganha ainda mais peso quando lembramos do documentário The Widowmaker (2015), que revelou como milhares de pessoas perderam a vida por nunca terem feito esse exame simples e acessível. Muitas descobriram a doença apenas no momento de um infarto, quando já era tarde demais. O nosso caso contrasta com essa realidade: tivemos acesso ao exame e a chance de ver, em números objetivos, que nossas artérias continuam livres de cálcio.
Não poderíamos deixar de expressar nossa gratidão ao Dr. Adolfo Duarte, médico que nos acompanha desde o início dessa jornada. Mais que um profissional, tornou-se um grande amigo, presente em cada etapa, orientando com responsabilidade e atenção à nossa saúde. Foi ele quem solicitou o exame, assegurando que todo o processo fosse conduzido com cuidado e seriedade.
Por isso, compartilhamos nossos resultados como uma mensagem dupla. De um lado, eles são motivo de motivação: após quase uma década de dieta carnívora, temos evidência concreta de saúde arterial. De outro, são também um chamado à prudência: não se trata de descartar exames, médicos ou prevenção, mas sim de valorizar ferramentas que realmente mostram a realidade das artérias, como o escore de cálcio.
A melhor notícia que poderíamos receber veio em forma de um número simples: zero. Ele representa não apenas a tranquilidade no presente, mas também a oportunidade de continuar cuidando da saúde com base em evidência, prevenção e responsabilidade.
