O estudo longitudinal destacou que os alimentos de origem animal estavam entre os menos consumidos pelas adolescentes nepalesas.
- Ovos: apenas 2,5% relataram consumo em 2017, subindo para 11,2% em 2019.
- Carne, aves e peixes: consumo em torno de 26% em 2017, com leve aumento para 31,6% em 2019.
- Laticínios: houve queda de 28,6% em 2017 para 24,0% em 2019.
Esses dados revelam uma dieta dominada por cereais e leguminosas, com deficiência persistente de proteína animal e ferro heme — nutrientes diretamente ligados à prevenção da anemia.
Associação entre padrões alimentares e hemoglobina
As análises mostraram que seguir um padrão lacto-vegetariano (sem carnes, ovos e peixes, mas incluindo laticínios) esteve associado a:
- Menor diversidade alimentar (β = –0,30; IC 95% –0,54 a –0,07).
- Hemoglobina mais baixa (–0,33 g/dL em média).
Embora apenas 5% da amostra seguissem esse padrão, os resultados sugerem impacto negativo da exclusão de alimentos animais ricos em ferro heme e vitamina B12.
Importância nutricional dos alimentos animais
O estudo cita evidências de que adolescentes que consomem carne apresentam níveis mais altos de hemoglobina, como observado em pesquisas no Bangladesh. A ausência desses alimentos contribui para maior risco de deficiência de ferro e outros micronutrientes (vitamina A, zinco, selênio) essenciais na adolescência.
Além disso, a literatura aponta que dietas vegetarianas e veganas, quando não planejadas, estão associadas a menores estoques de ferritina e outros indicadores nutricionais — o que reforça a relevância dos alimentos de origem animal em populações vulneráveis.
Barreiras socioculturais
Mesmo nas regiões com maior disponibilidade agrícola, como o terai, meninas enfrentaram restrições no acesso a carnes e ovos. Pesquisas etnográficas indicam que, em muitos lares nepaleses, os homens recebem prioridade no consumo de alimentos de origem animal, deixando adolescentes do sexo feminino em desvantagem.
Conclusão
O estudo confirma que a baixa inclusão de alimentos de origem animal está associada a maior risco de anemia e menor diversidade alimentar em adolescentes nepalesas. O fortalecimento de programas nutricionais deve considerar estratégias culturalmente sensíveis para ampliar o acesso a ovos, carnes, peixes e laticínios, ou alternativas fortificadas, assegurando que meninas em idade escolar e no período pós-menarca tenham suprimento adequado de ferro e vitaminas essenciais.
