Cafeína melhora o desempenho independentemente da estratégia de combustível; porém, alta disponibilidade de carboidratos se associa a maiores velocidades de treino em comparação à dieta cetogênica


Pesquisadores acompanharam 21 atletas de elite da marcha atlética para entender dois pontos importantes:

  1. Como a cafeína afeta o desempenho esportivo.
  2. Se existe diferença entre treinar com muitos carboidratos (HCHO) ou com uma dieta cetogênica (LCHF), que praticamente elimina carboidratos e aumenta a gordura.

No começo, todos os atletas estavam comendo muitos carboidratos. Eles fizeram testes de capacidade física e uma prova de 14 km com subidas. Depois, o grupo foi dividido: metade continuou comendo carboidratos e a outra metade começou a dieta cetogênica. Essa nova fase durou apenas três semanas. Nas duas últimas semanas, todos usaram goma de mascar com cafeína (3 mg/kg) ou placebo antes da prova, em um esquema alternado.

O que foi visto

  • Grupo com carboidratos (HCHO): melhorou a velocidade de treino nas semanas 2 e 3 em comparação com o início.
  • Grupo com dieta cetogênica (LCHF): ficou mais lento logo na primeira semana e também na segunda. Na terceira semana, a queda de desempenho diminuiu, mas não alcançou o grupo com carboidratos.
  • Cafeína: trouxe ganho médio de 2 a 3% de velocidade para todos, independentemente da dieta. Mesmo assim, a combinação carboidratos + cafeína continuou sendo a mais rápida.
  • Cérebro: os testes de atenção mostraram que a cafeína deixou os atletas mais rápidos e precisos nas respostas, tanto em HCHO quanto em LCHF.

O detalhe que faz toda a diferença

Um ponto fundamental: os atletas não eram “cetoadaptados” de verdade. Eles começaram o estudo comendo carboidratos e só depois foram colocados na dieta cetogênica, que durou três semanas. Isso significa que eles ainda estavam em adaptação.

Essa informação muda muito a interpretação:

  • O corpo precisa de mais tempo (meses ou anos) para se adaptar completamente ao uso de gordura como principal combustível.
  • Nos primeiros dias ou semanas, é comum perder velocidade, sentir queda de energia e ter dificuldade em treinos intensos.
  • Assim, a piora observada no grupo cetogênico não reflete o que pode acontecer com atletas que seguem essa dieta há muito tempo.

Conclusão

A cafeína funciona como um reforço de desempenho em qualquer tipo de dieta. Porém, em atletas de elite que não estavam adaptados à cetogênica, o treino com carboidratos se mostrou mais eficiente para manter velocidade alta. O fato de os atletas não serem cetoadaptados crônicos é um fator-chave para explicar a queda de rendimento no grupo LCHF.

Fonte: https://doi.org/10.1017/S0007114525105084

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