A inclusão de carne vermelha em dietas de maior qualidade apoia a adequação nutricional, a diversidade microbiana e a saúde mental sem efeitos adversos observados


Durante décadas, a carne vermelha foi tratada com cautela em recomendações nutricionais, frequentemente associada a potenciais riscos cardiovasculares e oncológicos. Porém, um estudo recente publicado na revista Current Developments in Nutrition traz uma visão diferente: quando inserida em dietas de alta qualidade, a carne vermelha pode desempenhar um papel benéfico na saúde sem evidências de efeitos adversos.

Como o estudo foi conduzido

Pesquisadores da South Dakota State University analisaram dados de 4.915 adultos participantes do American Gut Project. A investigação comparou padrões de dieta com e sem carne vermelha em dois cenários: dietas de alta qualidade e dietas de baixa qualidade, segundo o Healthy Eating Index (HEI, >80 pontos). Foram avaliados parâmetros de ingestão nutricional, composição corporal, saúde mental e diversidade da microbiota intestinal.

Resultados

  1. Melhor ingestão de proteínas: Os grupos que consumiam carne vermelha apresentaram ingestão significativamente maior de proteínas. Isso é relevante, pois proteínas de alta biodisponibilidade contribuem para manutenção da massa magra, fortalecimento do sistema imunológico e reparo tecidual.
  2. Maior adequação de micronutrientes: O consumo de carne vermelha aumentou a ingestão de nutrientes essenciais como selênio, vitamina B12, zinco, cálcio, vitamina D3 e colina. Esses elementos são fundamentais para a função neurológica, metabolismo energético, saúde óssea e equilíbrio hormonal.
  3. Benefícios à saúde mental: Um padrão alimentar de alta qualidade esteve associado a menor risco de depressão, transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e transtorno bipolar. Entre os que consumiam carne vermelha, a disponibilidade de nutrientes relacionados à saúde cerebral foi ainda mais robusta, reforçando uma possível proteção adicional.
  4. Diversidade da microbiota intestinal: O grupo de dieta equilibrada com carne vermelha apresentou a maior diversidade bacteriana intestinal, reconhecida como marcador de equilíbrio metabólico, digestão mais eficiente e melhor regulação imunológica.
  5. Manutenção de peso saudável: Participantes com dietas de alta qualidade mantiveram índices de massa corporal adequados, independentemente do consumo de carne vermelha. Nos grupos com carne, observou-se ainda uma ingestão mais baixa de carboidratos, sem ultrapassar limites recomendados de gordura.
  6. Segurança comprovada: O estudo não identificou efeitos adversos relacionados ao consumo de carne vermelha em dietas de alta qualidade, o que reforça sua viabilidade como parte de um padrão alimentar saudável.

Conclusão

Os resultados reforçam que a carne vermelha, longe de ser apenas um risco isolado, pode enriquecer a dieta quando inserida em padrões alimentares de qualidade. Sua contribuição para maior ingestão de proteínas, oferta de micronutrientes críticos, suporte à saúde mental e fortalecimento da microbiota intestinal mostra que ela pode ter lugar de destaque em estratégias nutricionais equilibradas. Assim, o fator determinante não é excluir a carne vermelha, mas garantir que faça parte de uma alimentação completa e bem estruturada.

Fonte: https://doi.org/10.1016/j.cdnut.2025.106040

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