Fontes de proteína e adequação de micronutrientes em dietas de adultos australianos com maior qualidade e menor impacto ambiental


Um estudo recente, conduzido com dados do Australian Health Survey, analisou dietas de adultos com alta qualidade nutricional e menor impacto ambiental (HQLI – Higher Quality, Lower Impact), identificando fatores que contribuem para manter a saúde e a sustentabilidade alimentar. O foco foi entender como a proporção entre proteína de origem animal e vegetal afeta a ingestão de nutrientes essenciais no contexto australiano.

Destaques positivos identificados

1. Equilíbrio ideal entre saúde e sustentabilidade

As dietas que apresentaram 60–80% da proteína proveniente de alimentos de origem animal foram as mais consistentes na garantia da adequação de micronutrientes. Essa faixa de proporção:

  • Atingiu o maior número de recomendações de ingestão média estimada (Estimated Average Requirements – EARs).
  • Teve a menor distância em relação às metas nutricionais, com 93,3% das EARs atendidas.

2. Maior densidade de nutrientes

Essas dietas se destacaram por oferecer níveis mais elevados e biodisponíveis de nutrientes essenciais, como:

  • Proteína de alta qualidade, com todos os aminoácidos indispensáveis.
  • Vitamina B12, zinco, ferro heme, selênio e riboflavina, frequentemente em risco de ingestão inadequada em padrões mais vegetais.
  • Menor ingestão calórica total sem comprometer a oferta de nutrientes, favorecendo o controle de peso e prevenindo sobreconsumo energético.

3. Variedade de fontes proteicas

Dentro da faixa de 60–80% de proteína animal, observou-se:

  • Maior diversidade de carnes, aves, peixes e ovos.
  • Cumprimento das recomendações do guia alimentar australiano para o grupo “Carnes magras e alternativas”.
  • Padrão alimentar com combinações reais de alimentos, evitando soluções artificiais ou dependência de fortificação industrial.

4. Risco reduzido de deficiências

Esse padrão apresentou menor vulnerabilidade a carências comuns em dietas mais restritivas em proteína animal, como:

  • Vitamina B12 e ferro heme – essenciais para saúde neurológica e prevenção de anemia.
  • Zinco e selênio – importantes para imunidade e função antioxidante.
  • Proteína total – praticamente todas as dietas dessa faixa atingiram a recomendação diária.

5. Compatibilidade com metas ambientais

Mesmo com maior participação de proteína animal, as dietas estudadas:

  • Mantiveram impacto ambiental reduzido devido à menor presença de alimentos ultraprocessados e à adequação de porções.
  • Apresentaram menor pegada de carbono, uso de água e de terras agrícolas em comparação à média da população.

Conclusão positiva

O estudo mostra que, no contexto australiano, um padrão alimentar saudável, variado e com 60–80% de proteína de origem animal é capaz de:

  • Garantir excelente adequação de micronutrientes.
  • Manter ingestão calórica controlada.
  • Reduzir impactos ambientais sem abrir mão da qualidade nutricional.
  • Ser viável e realista, pois reflete hábitos alimentares já presentes na população.

Esse equilíbrio representa um caminho concreto para unir nutrição de alta qualidade e sustentabilidade, oferecendo benefícios tanto para a saúde quanto para o meio ambiente.

Fonte: https://doi.org/10.3390/dietetics4030035

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