A Doença de Parkinson é uma condição neurológica que provoca tremores, rigidez muscular e dificuldades nos movimentos. Ela surge principalmente pela perda de neurônios produtores de dopamina, uma substância essencial para o controle motor. Embora os medicamentos sejam fundamentais no tratamento, muitos pacientes procuram estratégias complementares capazes de melhorar a qualidade de vida.
Entre essas estratégias, uma das mais estudadas atualmente é a dieta cetogênica (DC), caracterizada pelo consumo elevado de gorduras, moderado de proteínas e muito baixo de carboidratos. Esse padrão alimentar leva o organismo a produzir corpos cetônicos, usados como principal fonte de energia pelo cérebro em vez da glicose. Estudos indicam que essa mudança no metabolismo pode proteger neurônios e reduzir sintomas em doenças neurodegenerativas.
Um estudo publicado em 2025 no periódico Frontiers in Nutrition avaliou justamente essa possibilidade em pessoas com Parkinson. O diferencial foi o uso de uma versão modificada da dieta cetogênica, com baixo consumo de laticínios, já que pesquisas anteriores relacionaram o consumo frequente de leite a maior risco de desenvolver Parkinson.
Como foi feito o estudo
- Participantes: 12 pessoas diagnosticadas com Parkinson em estágios moderados.
- Duração: 12 semanas de acompanhamento.
- Dieta aplicada: em média, 70% das calorias vindas de gorduras, 18% de proteínas e 5% de carboidratos líquidos.
- Monitoramento: exames de sangue e urina, registros alimentares, avaliação de peso, testes de equilíbrio, de marcha e questionários de qualidade de vida.
Principais resultados
- Boa adesão: Todos os participantes completaram o programa, com manutenção de níveis adequados de corpos cetônicos, confirmando que a dieta foi viável.
- Melhora clínica: Houve melhorias em sintomas motores e de equilíbrio, bem como em questionários de qualidade de vida. A escala UPDRS, que avalia os sintomas do Parkinson, mostrou evolução positiva.
- Segurança
- Todos perderam peso (de 1,6% a 7,5% do peso inicial), mas sem ultrapassar o limite considerado seguro.
- Exames de colesterol, glicose, função renal, vitamina D e eletrólitos permaneceram estáveis.
- Constipação, problema comum em pacientes com Parkinson, não piorou na maioria dos casos; alguns relataram até melhora.
- Aceitação pelos pacientes: Os participantes se mostraram motivados e otimistas, considerando a dieta possível de seguir e útil no controle dos sintomas.
Por que pode ajudar?
O estudo aponta alguns mecanismos que explicam os possíveis benefícios:
- Uso de corpos cetônicos pelo cérebro, contornando falhas no metabolismo da glicose comuns no Parkinson.
- Ação antioxidante e anti-inflamatória, reduzindo danos às células nervosas.
- Melhora da função das mitocôndrias, aumentando a produção de energia celular.
- Efeitos no intestino e no microbioma, que têm papel cada vez mais reconhecido no Parkinson.
Conclusão
Este estudo mostrou que a dieta cetogênica com baixo consumo de laticínios é segura, viável e pode trazer benefícios a pessoas com Parkinson, principalmente em qualidade de vida e sintomas motores, pelo menos em curto prazo. Os pesquisadores destacam, no entanto, que são necessários estudos maiores e mais longos para confirmar esses efeitos e entender melhor seus mecanismos.
