O uso de gordura em uma dieta para redução de peso (1951)


O artigo de Alfred W. Pennington questiona a abordagem tradicional das dietas para perda de peso baseadas na restrição calórica e enfatiza o papel da gordura como principal fonte de energia no metabolismo humano. O autor destaca que a visão convencional de que a gordura corporal se acumula devido ao consumo excessivo de calorias não é sustentada por evidências científicas sólidas. Ele argumenta que a regulação do peso corporal está mais relacionada à forma como os macronutrientes são metabolizados do que à simples contagem calórica.


Metabolismo e Armazenamento de Energia

Pennington explica que a energia do corpo provém dos alimentos e que seu metabolismo envolve transformações químicas complexas. Os carboidratos têm uma capacidade limitada de oxidação pelos tecidos, e qualquer excesso ingerido é convertido em gordura. Isso ocorre porque a conversão de carboidratos em energia depende da decomposição do ácido pirúvico, um processo regulado por enzimas que podem ser sobrecarregadas. Quando isso acontece, o excesso de ácido pirúvico retorna ao fígado e é convertido em ácidos graxos, contribuindo para o acúmulo de gordura corporal.


Por outro lado, a oxidação da gordura não apresenta essa limitação. Os ácidos graxos e os corpos cetônicos formados a partir da gordura são prontamente utilizados pelos tecidos para gerar energia, sem necessidade de carboidratos para sua combustão. Esse achado contraria a ideia tradicional de que a combustão inadequada de gordura resulta em acúmulo de cetonas prejudiciais ao organismo.


O Papel da Insulina e o Armazenamento de Gordura

O autor ressalta que o consumo excessivo de carboidratos estimula a produção de insulina, hormônio que favorece o armazenamento de gordura ao promover a conversão do ácido pirúvico em ácidos graxos. Dessa forma, indivíduos com menor capacidade de oxidar carboidratos podem ganhar peso mesmo consumindo uma quantidade aparentemente moderada de calorias. Além disso, a obesidade frequentemente leva ao desenvolvimento de resistência à insulina, contribuindo para doenças metabólicas como o diabetes.


A Dieta Proposta: Alta em Gorduras e Proteínas, Baixa em Carboidratos

Para reverter esse processo, Pennington propõe uma dieta rica em gorduras e proteínas, com restrição severa de carboidratos. Essa abordagem promove a mobilização da gordura armazenada, levando à perda de peso sem reduzir drasticamente a ingestão calórica. Ele sugere que essa dieta pode ser mais eficaz do que dietas hipocalóricas tradicionais, pois mantém a produção de energia e evita os efeitos adversos do déficit calórico prolongado, como fadiga e perda muscular.


O regime alimentar recomendado inclui carnes gordurosas como base da dieta, sendo permitido o consumo de três refeições diárias contendo cerca de nove onças (255g) de carne magra e três onças (85g) de gordura. Pequenas quantidades de carboidratos podem ser adicionadas, mas de forma restrita para evitar estimulação excessiva da insulina. Além disso, recomenda-se um controle rigoroso da ingestão de sal e uma rotina diária de caminhada para otimizar os resultados.


Resultados e Benefícios Adicionais

Estudos clínicos conduzidos pelo autor mostraram que indivíduos obesos submetidos a essa dieta perderam em média 21 libras (cerca de 9,5 kg) em três meses e meio, com mínima recuperação do peso após um ano. Além do emagrecimento, Pennington sugere que essa abordagem pode ter benefícios adicionais, como a prevenção de doenças da vesícula biliar e até mesmo da aterosclerose, já que a gordura dietética estimula a eliminação do colesterol.


Conclusão

Pennington argumenta que a chave para a perda de peso eficaz não está na simples redução calórica, mas sim na modulação dos macronutrientes ingeridos, priorizando a gordura como fonte de energia e minimizando a ingestão de carboidratos. Seu estudo desafia a visão convencional sobre nutrição e metabolismo, propondo que dietas ricas em gorduras podem não apenas facilitar a perda de peso, mas também trazer benefícios metabólicos significativos.

Fonte: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/14822575/

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