Este artigo publicado pela equipe médica Paleomedicina, aborda um tema central no debate sobre liberdade profissional na medicina: o direito dos médicos de prescrever intervenções dietéticas baseadas em evidência, ainda que estas contrariem as diretrizes oficiais vigentes.
A discussão se ancora na crescente tensão entre práticas médicas tradicionais, institucionalizadas por autoridades reguladoras, e abordagens emergentes baseadas na experiência clínica e em dados atualizados, como é o caso da dieta paleolítica. Os autores questionam a rigidez dos protocolos oficiais e defendem o reconhecimento da autonomia médica diante de tratamentos que demonstram eficácia prática, mesmo quando ainda não estão plenamente integrados nas recomendações normativas.
Segundo o texto, muitos médicos enfrentam obstáculos quando decidem utilizar a alimentação como estratégia terapêutica principal, sobretudo quando essa estratégia diverge das diretrizes alimentares padronizadas. Essa dificuldade não decorre da ausência de resultados clínicos positivos, mas da resistência de conselhos médicos e instituições regulatórias, que frequentemente impõem limitações às alternativas terapêuticas fora do escopo farmacológico ou cirúrgico tradicional.
A equipe Paleomedicina — formada por médicos e pesquisadores húngaros — sustenta essa posição com base em mais de uma década de prática clínica contínua utilizando exclusivamente a dieta paleolítica evolutiva, mais especificamente o modelo Paleolithic-Ketogenic Diet (PKD). Essa abordagem, desenvolvida pelo grupo, é uma forma terapêutica rigorosa de alimentação baseada apenas em alimentos de origem animal e gordura natural, sem qualquer tipo de planta, suplemento ou medicamento, salvo em casos de emergência.
A Paleomedicina já acompanhou mais de 10 mil pacientes com doenças crônicas, autoimunes, metabólicas, neurológicas e até oncológicas, com uma taxa significativa de remissão clínica e redução medicamentosa. Os registros clínicos da equipe incluem relatos documentados de reversão de diabetes tipo 2, normalização de marcadores inflamatórios, controle de epilepsia sem fármacos, estabilização de doenças autoimunes como esclerose múltipla, e até melhora radiológica em tumores cerebrais.
Além disso, os dados clínicos do grupo foram apresentados em congressos internacionais e publicados em revistas científicas revisadas por pares, como American Journal of Case Reports e Croatian Medical Journal. Esses estudos de caso demonstram com evidências objetivas — incluindo exames laboratoriais, ressonâncias magnéticas e biópsias — a eficácia da PKD como intervenção terapêutica.
Apesar dos resultados expressivos, os profissionais envolvidos frequentemente relatam insegurança jurídica e barreiras institucionais para exercer sua prática de forma plena. O artigo destaca que essa resistência institucional não se fundamenta na ausência de evidência clínica, mas sim na aderência inflexível a protocolos estabelecidos por órgãos reguladores que ignoram os avanços produzidos em campo.
Os autores defendem que a liberdade terapêutica dos médicos deve ser preservada, desde que fundamentada em evidência, experiência e ética profissional. Ressaltam que a ciência médica está em constante evolução e que as diretrizes oficiais muitas vezes demoram décadas para incorporar descobertas validadas na prática clínica.
O texto, portanto, não é apenas uma crítica institucional, mas também uma defesa do princípio médico fundamental de "primum non nocere" — primeiro, não causar dano. Nesse contexto, ignorar intervenções eficazes por temor burocrático é, segundo os autores, uma falha ética grave.
A Paleomedicina defende que a responsabilidade primária do médico é com o bem-estar do paciente, não com a fidelidade a estruturas formais de autoridade. Diante disso, o artigo conclama os profissionais da saúde a não renunciarem à sua liberdade terapêutica quando esta for respaldada por resultados clínicos concretos e documentados.
Fonte: https://paleomedicina.com/hu/blog/2013/05/paleolit-taplalkozas-es-az-orvosok-jogai
