A verdade sobre o colesterol: por que LDL e HDL não são o que você pensa


LDL significa lipoproteína de baixa densidade.

HDL significa lipoproteína de alta densidade.

Pense nelas como táxis que transportam lipídios pelo sangue. (Existem outros tipos de “táxis” também.)

LDL-C é o colesterol presente dentro da partícula de LDL.
HDL-C é o colesterol dentro da partícula de HDL.

Tanto o LDL quanto o HDL carregam não só colesterol, mas também proteínas, fosfolipídios e triglicerídeos.

No entanto, é muito comum ver pessoas — inclusive profissionais da saúde — tratando LDL e LDL-C ou HDL e HDL-C como se fossem a mesma coisa. Isso é incorreto e pode ser profundamente enganoso.

O LDL é rotulado como “colesterol ruim”. O HDL, como “colesterol bom”. Mas nem o LDL nem o HDL são colesterol. Eles são partículas que carregam colesterol (e outros lipídios).

O colesterol que circula dentro de um LDL é quimicamente idêntico ao colesterol dentro de um HDL. Ambos são moléculas de C₂₇H₄₆O.

Portanto, não existe colesterol “bom” ou “ruim” — essa distinção é fictícia.

Chamar o LDL de “colesterol ruim” e o HDL de “colesterol bom” é como dizer que o caminhão que transporta gasolina é inflamável — quando, na verdade, o veículo em si não é a substância perigosa. O problema está na simplificação extrema que virou regra, até mesmo entre médicos e professores.

Fonte: https://x.com/zoeharcombe/status/1918996726062493722

Além disso, existe um problema técnico importante: o LDL-C quase sempre não é medido diretamente, mas sim estimado por meio da fórmula de Friedewald, criada na década de 1970.
Essa fórmula assume que:

LDL-C = Colesterol Total – HDL-C – (Triglicerídeos ÷ 5)

O problema é que essa equação é apenas uma estimativa indireta, que pode se tornar extremamente imprecisa em diversas situações clínicas, como:

  • Quando os triglicerídeos estão elevados (> 200 mg/dL)
  • Quando o paciente está em jejum incompleto ou alimentado
  • Em pessoas com síndrome metabólica ou resistência à insulina
  • Em indivíduos com níveis muito baixos de LDL-C
  • Durante o uso de dietas com baixo teor de carboidratos

Estudos recentes mostram que essa estimativa pode superestimar ou subestimar significativamente o valor real de LDL-C, levando a interpretações clínicas incorretas e até ao uso desnecessário de medicamentos redutores de colesterol.

Atualmente, exames que medem diretamente as partículas de LDL (como apoB ou NMR lipoprotein profile) oferecem uma avaliação mais precisa, mas ainda são pouco utilizados na prática clínica convencional.

Um ponto em que quase todos concordam é que baixar o colesterol gera lucros gigantescos para a indústria farmacêutica.

Mas será que isso, por si só, deveria guiar as diretrizes clínicas e o medo coletivo de um composto essencial para o corpo humano?

Referências

Friedewald WT, Levy RI, Fredrickson DS.
Estimation of the concentration of low-density lipoprotein cholesterol in plasma, without use of the preparative ultracentrifuge.
Clinical Chemistry. 1972;18(6):499–502.
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/4337382

Martin SS, Blaha MJ, Elshazly MB, et al.
Comparison of a Novel Method vs the Friedewald Equation for Estimating LDL Cholesterol Levels From the Standard Lipid Profile.
JAMA. 2013;310(19):2061–2068.
https://doi.org/10.1001/jama.2013.280532

Sathiyakumar V, Park J, Quispe R, et al.
Impact of Novel Low-Density Lipoprotein-Cholesterol Assessment on the Utility of Secondary Non-High-Density Lipoprotein-Cholesterol Targets for Cardiovascular Disease Prevention.
Journal of Clinical Lipidology. 2020;14(3):392–400.e4.
https://doi.org/10.1016/j.jacl.2020.04.001
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