A alimentação carnívora como base da medicina evolutiva em desenvolvimento


No artigo publicado por Tóth Csaba, Séllei Lajos e Zsófia Clemens na revista Medicus Universalis em 2013, os autores propõem a dieta paleolítica — em sua vertente evolutivamente consistente — como fundamento central da chamada medicina evolutiva. Esta abordagem parte do princípio de que os sistemas regulatórios do corpo humano se moldaram ao longo de milhões de anos em consonância com condições ambientais estáveis, sendo a alimentação um fator chave nessa adaptação.

Segundo os autores, doenças crônicas modernas como hipertensão, obesidade, diabetes tipo 2 e distúrbios autoimunes não podem ser explicadas apenas por defeitos genéticos herdados. Em vez disso, essas doenças refletem uma ruptura entre o ambiente atual e aquele no qual nossos antepassados evoluíram. Dados alarmantes da Hungria, por exemplo, apontam um aumento de 470% nos casos de diabetes tipo 1 entre crianças menores de 7 anos em apenas 25 anos, o que sugere uma forte influência ambiental.

A medicina evolutiva, ao integrar diferentes disciplinas e valorizar a observação clínica prática, oferece um modelo alternativo para prevenção e tratamento dessas doenças. O artigo descreve como a eliminação de alimentos modernos — especialmente grãos, laticínios e carboidratos refinados — pode restaurar processos fisiológicos e reverter estados inflamatórios associados a múltiplos distúrbios crônicos.

Três pilares do efeito terapêutico

  1. Correção da permeabilidade intestinal aumentada (Síndrome do Intestino Permeável): A maior parte das doenças autoimunes e até certos transtornos psiquiátricos têm sido associadas a disfunções da barreira intestinal. Dietas com base em alimentos modernos, como grãos e laticínios, parecem aumentar marcadores inflamatórios, o que pode ser revertido com uma dieta exclusivamente baseada em alimentos de origem animal.
  2. Redução da carga glicêmica e inflamatória: A ingestão excessiva de carboidratos interfere na regulação da insulina e eleva a produção de fatores inflamatórios como CRP, TNF-alfa e interleucinas, promovendo doenças degenerativas e cardiovasculares. A substituição por uma dieta rica em gorduras e proteínas animais interrompe esse ciclo.
  3. Exclusão de aditivos, corantes e adoçantes artificiais: Substâncias sintéticas presentes em alimentos industrializados podem estar relacionadas a doenças como epilepsia, TDAH, alergias e arritmias. A dieta evolutiva evita esses compostos ao priorizar alimentos naturais e integrais de origem animal.

Aspectos bioquímicos e clínicos

A argumentação técnica dos autores desconstrói mitos comuns sobre a necessidade de carboidratos na dieta humana. Eles defendem que, do ponto de vista fisiológico, a glicose pode ser suprida por gliconeogênese a partir de proteínas e gorduras, sem a necessidade de ingestão direta de carboidratos. Da mesma forma, questionam a teoria lipídica que culpa o colesterol e a gordura animal pelas doenças cardiovasculares, apoiando-se em estudos que não demonstraram benefícios consistentes com o uso de estatinas.

A frutose é citada como um dos principais promotores do aumento de ácido úrico e de pressão arterial, ao contrário da proteína e da gordura animal, que não elevam esses marcadores em indivíduos com função renal preservada. Esses dados reforçam que a fisiopatologia de doenças modernas está mais relacionada à alimentação inadequada do que a fatores genéticos fixos.

Aplicação prática e previsibilidade

O texto enfatiza a importância da experiência clínica. Em casos de diabetes tipo 2, os autores relatam melhorias consistentes em glicemia, pressão arterial e peso corporal com a adoção da dieta paleolítica, sem necessidade de medicamentos. A previsibilidade dos efeitos, segundo eles, é o que diferencia essa abordagem de outras dietas ou protocolos médicos.

Considerações finais

Embora o artigo ressalte que a vertente "pop" da dieta carnívora nem sempre segue critérios científicos rigorosos, defende que, sob uma perspectiva médica e evolutiva, essa alimentação — especialmente em sua forma cetogênica baseada exclusivamente em alimentos animais — oferece uma resposta coerente, eficaz e segura aos desafios das doenças crônicas modernas. A consolidação dessa prática exige mais estudos, mas os resultados observados até aqui já indicam um caminho promissor.

Fonte: https://paleomedicina.com/en/paleolit-taplalkozas-mint-a-dinamikusan-fejlodo-evolucios-orvostudomanyi-szemlelet-alaptetele-es-modszere

Postagem Anterior Próxima Postagem
Rating: 5 Postado por: