Efeito do consumo de ovos sobre desfechos de saúde: uma revisão abrangente atualizada


O ovo é um dos alimentos mais antigos e versáteis da alimentação humana. Embora frequentemente envolto em polêmicas — especialmente por seu teor de colesterol — ele também é uma verdadeira cápsula nutricional: rico em proteínas de alta qualidade, vitaminas, minerais, colina e antioxidantes. Mas afinal, o que diz a ciência mais atual sobre os impactos do consumo de ovos na saúde?

Uma extensa umbrella review publicada no periódico Nutrition, Metabolism and Cardiovascular Diseases analisou dados de 14 meta-análises envolvendo milhares de pessoas ao redor do mundo. O objetivo: investigar se o consumo de ovos — tanto elevado quanto moderado — estaria associado a desfechos negativos ou positivos em saúde. Os resultados são bastante animadores para quem valoriza esse alimento.

Um alimento nutritivo que não merece restrições infundadas

A análise demonstrou que não há evidências consistentes de que o consumo de ovos esteja associado a aumento do risco de mortalidade por todas as causas, doenças cardiovasculares (como infarto ou AVC), diabetes tipo 2 ou alterações significativas em peso corporal, índice de massa corporal (IMC), circunferência abdominal ou pressão arterial.

Mais ainda: algumas associações positivas foram observadas, ainda que com evidência considerada fraca pela baixa qualidade metodológica dos estudos disponíveis. Entre os destaques:

  • Melhora em parâmetros lipídicos benéficos, como aumento discreto do HDL e da Apolipoproteína A1 — ambos marcadores ligados a menor risco cardiovascular.
  • Contribuição para o crescimento infantil, com impacto positivo em peso e altura em crianças que consomem ovos regularmente. Um fator essencial, especialmente em populações com risco de desnutrição.
  • Fonte acessível e econômica de nutrientes, incluindo colina (importante para o cérebro e o fígado), carotenoides antioxidantes como a luteína e a zeaxantina, além de proteínas completas.

Os autores também destacam o potencial dos ovos como aliados da segurança alimentar, especialmente em regiões de baixa renda, onde podem substituir com vantagem fontes calóricas menos nutritivas.

E o colesterol?

O antigo receio de que o colesterol presente nos ovos aumentaria o risco de doenças cardiovasculares não se confirmou nas evidências mais recentes. Apesar de conter cerca de 186 mg de colesterol por unidade, os estudos mostram que esse valor tem impacto mínimo sobre os níveis de colesterol sanguíneo na maioria das pessoas. Mais do que isso: dietas que incluem ovos em padrões alimentares saudáveis — como a dieta mediterrânea — não demonstraram risco cardiovascular aumentado.

De fato, as próprias diretrizes alimentares dos Estados Unidos já não estabelecem um limite máximo para o consumo diário de colesterol, reconhecendo que o foco deve ser no padrão alimentar como um todo, e não em alimentos isolados.

Conclusão

Apesar das limitações metodológicas dos estudos disponíveis, a revisão atual reforça que não há motivos científicos robustos para evitar o consumo de ovos como parte de uma dieta saudável. Pelo contrário: os ovos continuam sendo uma das fontes de proteína animal mais completas, acessíveis e versáteis — com potencial de beneficiar especialmente crianças em crescimento e populações vulneráveis.

Dentro de um contexto alimentar nutritivo, os ovos permanecem como uma excelente escolha para a saúde.

Fonte: https://doi.org/10.1016/j.numecd.2025.103849

Postagem Anterior Próxima Postagem
Rating: 5 Postado por: