Interrupção da progressão do câncer de palato mole em um paciente tratado apenas com a dieta carnívora: acompanhamento de 20 meses


O artigo é um relato de caso publicado no American Journal of Medical Case Reports em 2016. Ele descreve uma mulher de 60 anos com carcinoma mioepitelial do palato mole (um tipo raro de tumor), que recusou cirurgia e não fez quimioterapia nem radioterapia. Em vez disso, iniciou uma estratégia alimentar chamada pelos autores de “dieta cetogênica paleolítica”. Segundo os autores, os exames de imagem ao longo do tempo mostraram interrupção da progressão e pequena redução do tamanho do tumor, com acompanhamento de 20 meses, sem sintomas atribuídos ao tumor e sem efeitos colaterais relatados da dieta.

Quem era a paciente e qual era o quadro inicial

O estudo relata que a paciente não fumava e não consumia álcool. Ela percebeu por cerca de seis meses um “caroço” no palato mole, sem dor e sem causar engasgos ou obstrução. A biópsia (31/10/2014) identificou carcinoma mioepitelial (Grau 2). A ressonância magnética (20/12/2014) mostrou uma lesão bem delimitada de 36×33×27 mm, originada do lado esquerdo do palato mole, estadiada como T2, N0, M0.

Mesmo com a proposta de tratamento padrão (cirurgia, com possibilidade de radioterapia e/ou quimioterapia), a paciente não aceitou e seguiu sem terapias convencionais.

O que os autores chamam de “dieta cetogênica paleolítica”

Conforme descrito, trata-se de uma dieta baseada em carnes e gorduras de origem animal, com uma proporção aproximada de gordura:proteína de 2:1 e conteúdo vegetal menor que 30% em volume. Os autores relatam que foi incentivado o consumo de carnes vermelhas e mais gordas e de vísceras.

Na prática do caso:

  • Nos primeiros 6 meses, a paciente seguiu a forma mais estrita: apenas carne e gordura (“full meat-fat diet”).
  • A partir de julho de 2015, foram permitidas pequenas quantidades de vegetais até 2 vezes por semana, além de café moderado e pequenas quantidades de mel para adoçar.
  • Não houve restrição formal de calorias; a orientação foi comer quando tivesse fome e parar ao se sentir saciada, tipicamente com duas refeições por dia.
  • O acompanhamento de cetose foi feito com tiras urinárias, que indicaram cetose sustentada.

O que aconteceu com o tumor nas imagens

Durante o acompanhamento, foram realizados três exames de ressonância magnética após o exame inicial. Os autores relatam:

  • Em 18/04/2015, sem mudança no tamanho (permaneceu 36×33×27 mm).
  • Em 28/10/2015 e 12/01/2016, houve redução para 33×27×24 mm.
  • Não foram observados linfonodos aumentados nesses exames.

Exames laboratoriais e segurança no caso descrito

O artigo informa que foram feitos exames laboratoriais sete vezes durante o acompanhamento. Os autores descrevem:

  • Glicose média em torno de 5 mmol/L (±0,6).
  • Função renal, função hepática e eletrólitos “normais”, dentro do acompanhamento descrito.
  • Marcadores inflamatórios PCR (CRP) e VHS (ESR) dentro da faixa normal; fibrinogênio “levemente elevado” em algumas medições.
  • “Colesterol” descrito como elevado e triglicerídeos baixos.
  • Cetonas urinárias positivas em todas as coletas.

Como a paciente ficou ao longo do tempo

O relato descreve uma paciente motivada, com boa adesão. Ela referiu nenhum efeito colateral e relatou melhora de bem-estar e condicionamento físico. O acompanhamento total na dieta chegou a 20 meses. O peso passou de 68 kg (Índice de Massa Corporal 25) para 63 kg (Índice de Massa Corporal 23).

O que este relato permite concluir — e o que não permite

O próprio artigo conclui que, nesta paciente, a dieta descrita foi “efetiva e segura”.
Ao mesmo tempo, por ser um único caso, este tipo de publicação não prova causa e efeito, não permite estimar “chance de funcionar” em outras pessoas e não substitui evidência de estudos maiores. O máximo que o artigo sustenta com dados objetivos é: neste acompanhamento individual, houve estabilidade do quadro nas imagens, pequena redução do tumor, ausência de sintomas atribuídos ao tumor e sem efeitos adversos relatados durante o período observado.

Na discussão, os autores também registram interpretações deles (como a ideia de que evitar óleos vegetais e laticínios seria um fator-chave), mas essas partes são apresentadas como opiniões e suposições dos autores, não como conclusões comprovadas por comparação controlada dentro deste caso.

Fonte: https://pubs.sciepub.com/ajmcr/4/8/8/

Postagem Anterior Próxima Postagem
Rating: 5 Postado por: