Tipos de dietas com restrição de carboidratos e substituições de macronutrientes para a saúde metabólica em adultos: uma metanálise de ensaios randomizados


Pesquisadores reuniram 149 ensaios clínicos randomizados, envolvendo mais de 9 mil adultos de 28 países, para entender os efeitos de diferentes formas de reduzir carboidratos na dieta. O trabalho foi publicado em 2025 na revista Clinical Nutrition e buscou avaliar não apenas o controle do açúcar no sangue, mas também impactos em fígado, rins e hormônios.

As dietas analisadas foram:

  • Cetogênica (KD): muito baixa em carboidratos.
  • Low-carb (LCD): baixo teor de carboidratos.
  • Moderada em carboidratos (MCD): redução parcial.

Os pesquisadores também investigaram o que substitui os carboidratos: gordura, proteína ou uma combinação dos dois, e se os efeitos se mantinham em dietas com a mesma quantidade de calorias (isocalóricas) ou não.

O que os resultados mostraram

O estudo revelou que reduzir carboidratos traz melhorias em diversos aspectos da saúde metabólica, independentemente do total de calorias consumidas:

  • Controle glicêmico: queda de glicose, insulina e melhora da resistência insulínica (HOMA-IR). Isso indica maior sensibilidade à insulina e menor risco de diabetes tipo 2.
  • Fígado: redução da enzima GGT, sinal de menor estresse hepático.
  • Rins: melhora da relação albumina/creatinina na urina (UACR), importante marcador de saúde renal.
  • Hormônios: diminuição da leptina, ligada ao excesso de gordura corporal, sugerindo melhor regulação do apetite e do armazenamento de energia.
  • Energia alternativa: aumento de β-hidroxibutirato (BHB), marcador da produção de corpos cetônicos e do uso de gordura como fonte energética.

Diferenças entre tipos de dieta

  • Low-carb (LCD) e moderada (MCD): apresentaram efeitos mais consistentes e estáveis nos diferentes parâmetros analisados.
  • Cetogênica (KD): mostrou benefícios, mas com resultados mais variados de estudo para estudo.
  • Substituição de carboidratos: os melhores resultados aconteceram quando gordura e proteína foram usados juntos para substituir os carboidratos.
  • Controle de calorias: os efeitos positivos apareceram mesmo sem redução calórica, mostrando que a composição dos nutrientes é decisiva.

Quem mais se beneficiou

  • Mulheres apresentaram respostas metabólicas mais marcantes.
  • Pessoas com sobrepeso ou obesidade tiveram reduções significativas nos marcadores analisados.
  • Indivíduos com diabetes tipo 2 foram os que mais ganharam com a redução de carboidratos.

O que este estudo ensina

Essa grande análise mostra que não é apenas a quantidade de calorias que importa, mas sim a qualidade e proporção dos macronutrientes. Diminuir carboidratos e substituí-los por uma combinação equilibrada de gordura e proteína traz melhorias no metabolismo da glicose, proteção ao fígado e rins, além de ajudar no equilíbrio hormonal.

Os achados reforçam que dietas low-carb e moderadas podem ser alternativas sustentáveis para melhorar a saúde metabólica em diferentes perfis de pessoas. No entanto, a aplicação prática deve ser feita sempre com acompanhamento profissional, respeitando a individualidade de cada paciente.

Fonte: https://doi.org/10.1016/j.clnu.2025.09.005

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