Curcumina e a saúde do cérebro: o que a ciência realmente mostra


Pesquisadores publicaram na revista Frontiers in Aging Neuroscience, uma revisão sobre a curcumina — substância encontrada na cúrcuma, usada tradicionalmente como tempero. O objetivo foi entender se ela poderia ajudar a proteger o cérebro durante o envelhecimento e em doenças como Alzheimer e Parkinson.

O artigo mostrou que, em estudos de laboratório e em animais, a curcumina parece atuar em mecanismos chamados epigenéticos. Isso significa que ela pode “ligar e desligar” genes relacionados à memória, à formação de novas conexões entre neurônios e à defesa contra inflamação e estresse oxidativo.

Resultados observados

  • Proteção contra danos cerebrais: em animais, a curcumina reduziu proteínas tóxicas ligadas ao Alzheimer e ao Parkinson.
  • Melhora da energia celular: favoreceu a produção de energia nos neurônios, ajudando a manter o bom funcionamento das sinapses.
  • Efeito anti-inflamatório: reduziu substâncias inflamatórias que aceleram o envelhecimento do cérebro.
  • Apoio à memória e ao aprendizado: alguns estudos em animais mostraram melhora em testes cognitivos.

Limitações importantes

Apesar dos resultados animadores, o estudo destaca alguns pontos que precisam ser considerados:

  1. Biodisponibilidade baixa: quando ingerida pela boca, a curcumina é mal absorvida e rapidamente eliminada do corpo. Isso significa que pouca quantidade chega ao cérebro.
  2. Evidência em humanos ainda é frágil: a maioria dos resultados vem de experimentos em animais ou células. Ensaios clínicos em pessoas são pequenos e mostram efeitos variáveis.
  3. Necessidade de formulações especiais: muitos dos efeitos positivos só aparecem quando a curcumina é administrada em versões encapsuladas, combinada com piperina (substância da pimenta-preta) ou em nanoformulações criadas para aumentar a absorção.

Dá para conseguir os mesmos efeitos apenas com a dieta?

Segundo os autores, não é provável. A quantidade de curcumina presente na cúrcuma usada como tempero é pequena, e ainda existe a barreira da absorção limitada. Por isso, cozinhar com cúrcuma pode trazer alguns benefícios gerais, mas dificilmente atinge os mesmos efeitos relatados nos estudos com doses concentradas e formulações específicas.

Por outro lado, a cúrcuma pode fazer parte de um padrão alimentar saudável, que inclui outros alimentos ricos em polifenóis e antioxidantes (como frutas vermelhas, chás, azeite de oliva e vegetais de baixo amido). Esse conjunto de nutrientes pode ajudar a reduzir inflamação e apoiar a saúde cerebral, mesmo que não reproduza exatamente os efeitos da curcumina isolada.

Conclusão

O estudo indica que a curcumina tem potencial para proteger o cérebro e melhorar a memória, mas os dados fortes ainda vêm de experimentos em laboratório e animais. Até que haja ensaios clínicos bem conduzidos em humanos, não se pode garantir os mesmos resultados no dia a dia. Usar cúrcuma como tempero é saudável e seguro, mas não substitui suplementos específicos nem tratamentos médicos já comprovados.

Fonte: https://doi.org/10.3389/fnagi.2025.1592280

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