O câncer é uma das doenças que mais preocupa no mundo. Os tratamentos tradicionais, como cirurgia, quimioterapia e radioterapia, são fundamentais, mas muitas vezes trazem efeitos colaterais pesados. Por isso, pesquisadores vêm estudando se a alimentação pode ajudar a melhorar a resposta dos pacientes.
Um estudo publicado em Frontiers in Nutrition (2025) reuniu vários ensaios clínicos para entender os efeitos da dieta cetogênica em pessoas com câncer. Essa dieta é baseada em alto consumo de gordura, quantidade moderada de proteína e pouquíssimos carboidratos. O objetivo é levar o corpo a produzir corpos cetônicos, usados como fonte de energia no lugar da glicose.
O que os cientistas encontraram
1. Menos gordura corporal
Pacientes que seguiram a dieta cetogênica perderam mais gordura total e gordura na região abdominal. Isso é importante porque o excesso de gordura está ligado à inflamação e pode favorecer o crescimento do câncer.
2. Melhor controle do açúcar no sangue
A dieta ajudou a baixar a glicemia e a insulina, hormônio que em excesso pode estimular tumores. Além disso, aumentou os níveis de corpos cetônicos, mostrando que o corpo entrou em cetose.
3. Mudanças no colesterol
Os estudos mostraram melhora no colesterol total e no LDL. Outras gorduras do sangue (como triglicerídeos e HDL) não tiveram mudanças tão claras, mas não houve piora.
4. Qualidade de vida
Pacientes em dieta cetogênica relataram:
- menos fadiga;
- melhor sono;
- melhor humor e função emocional;
- maior interação social.
Esses fatores são importantes, porque melhoram o bem-estar no dia a dia e a capacidade de enfrentar o tratamento.
5. Segurança
Não houve sinais de danos ao fígado ou rins nos estudos analisados. Ou seja, a dieta se mostrou segura quando bem planejada.
O que faz diferença
Os benefícios foram maiores quando a dieta foi seguida por mais de 12 semanas e quando tinha essa proporção aproximada:
- 80–85% de gordura,
- 16–18% de proteína,
- apenas 2–4% de carboidratos.
Esse padrão ajudou inclusive a reduzir a inflamação, medida pela proteína C-reativa (PCR).
Limitações
Apesar dos resultados animadores, os pesquisadores lembram que:
- ainda existem poucos estudos, com poucos participantes;
- os tipos e estágios de câncer analisados foram diferentes;
- nem sempre a dieta foi feita da mesma forma.
Ou seja, os dados são promissores, mas não definitivos. Mais pesquisas, com grupos maiores e acompanhamento longo, ainda são necessárias.
Conclusão
A dieta cetogênica pode ser uma estratégia complementar no tratamento do câncer. Ela parece ajudar a controlar o peso, reduzir a inflamação, melhorar o açúcar no sangue e até a qualidade de vida dos pacientes.
Mas é importante destacar: não substitui os tratamentos médicos e deve sempre ser feita com acompanhamento profissional, para garantir segurança e adaptação às necessidades de cada pessoa.
