Explorações de Ashley-Smith (1822–1829): uma dieta exclusivamente baseada em alimentos de origem animal


As expedições lideradas por William H. Ashley e Jedediah Smith entre os anos de 1822 e 1829 revelam, através dos diários originais compilados na obra The Ashley-Smith Explorations and the Discovery of a Central Route to the Pacific, um retrato fiel de como seres humanos podem sobreviver — e até prosperar fisicamente — com uma dieta constituída quase que exclusivamente de alimentos de origem animal. Em um ambiente hostil, sem acesso a agricultura, estocagem moderna ou infraestrutura, os exploradores adotaram práticas alimentares ancestrais, sustentadas pela caça, pela gordura animal e pela adaptação metabólica forçada.

Carne como fonte primária de nutrição

Durante toda a extensão das jornadas, a principal — e muitas vezes única — fonte de alimentação dos exploradores era a carne de animais selvagens. Os registros mencionam com frequência o consumo de búfalos, veados, antílopes, alces, castores e outros mamíferos abundantes nas pradarias, vales e montanhas do oeste norte-americano. Em situações de escassez, não era incomum que se consumissem animais já mortos ou partes menos nobres como tripas e cartilagens.

O alimento era consumido cru, assado, fervido ou defumado, dependendo da ocasião, das condições climáticas e dos recursos disponíveis. Os próprios autores relatam refeições inteiras feitas exclusivamente de carne e gordura, sem qualquer adição de vegetais, frutas, grãos ou leguminosas.

A gordura animal como fonte de energia vital

Relatos constantes apontam para o uso deliberado da gordura dos animais como fonte calórica essencial. Durante o inverno, os caçadores davam preferência a peças com maior teor de gordura e utilizavam a banha para cozinhar ou conservar alimentos. Em mais de uma ocasião, os diários enfatizam que a ausência de gordura resultava em rápida perda de força e resistência física, mesmo com carne abundante.

Esse reconhecimento empírico da importância energética da gordura animal, sem qualquer conhecimento bioquímico formal, revela um tipo de sabedoria adaptativa essencial para a sobrevivência em ambientes extremos.

Suplementos animais: órgãos, tutano e couro

Nos momentos mais críticos, os exploradores não hesitavam em consumir órgãos como fígado, coração e rins — partes altamente nutritivas que, em muitos casos, salvavam vidas durante períodos de fome. A medula óssea era extraída dos ossos e consumida pura ou misturada à carne. Há registros do uso de peles, arreios de couro e até calçados fervidos como fonte de colágeno e gordura residual — prática comum em expedições com escassez extrema de alimentos.

Ausência quase total de alimentos vegetais

Não há registros sistemáticos de coleta ou consumo de frutas, raízes, tubérculos ou qualquer outro vegetal durante os anos de exploração. Quando mencionados, os vegetais aparecem de forma pontual e geralmente associados a trocas com indígenas. O padrão alimentar dominante era carnívoro, não por escolha filosófica ou dietética, mas por imposição geográfica e cultural.

A ausência de queixas frequentes sobre saúde gastrointestinal, desnutrição ou fraqueza crônica sugere que, ao menos em médio prazo, os membros das expedições conseguiram se manter em bom estado físico mesmo com dieta animal exclusiva — uma observação de grande relevância histórica e clínica.

Um experimento natural em cetoadaptação forçada

A experiência dos homens da expedição Ashley-Smith pode ser interpretada como um experimento natural de cetoadaptação prolongada. Eles vivenciaram meses — ou anos — de alimentação carnívora contínua, com consumo predominante de gordura e proteína, intensa atividade física, estresse ambiental e jejum involuntário em vários períodos. Apesar de episódios isolados de fraqueza ou adoecimento, os registros sugerem que os membros da expedição mantinham força, resistência e clareza mental suficientes para cumprir tarefas complexas de navegação, caça, defesa e tomada de decisão.

Considerações finais

A dieta dos exploradores de 1822 a 1829 foi, em sua essência, carnívora. Mais do que isso: foi uma dieta de sobrevivência, baseada exclusivamente em alimentos de origem animal e sustentada por práticas ancestrais de caça, aproveitamento integral dos animais e uso inteligente da gordura. Os registros documentais demonstram que, mesmo em ausência absoluta de vegetais ou alimentos processados, seres humanos foram capazes de manter desempenho físico elevado e cumprir jornadas extraordinárias. Essa evidência histórica traz contribuições importantes para o debate atual sobre a viabilidade de dietas carnívoras como opção nutricional segura e funcional.

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