Manter músculos saudáveis é fundamental para garantir independência e qualidade de vida em todas as fases, especialmente com o avanço da idade. Recentemente, um estudo conduzido pelo pesquisador Matthew S. Brook, da Universidade de Nottingham, trouxe novas perspectivas sobre como a ingestão de proteínas pode influenciar diretamente a síntese proteica muscular, um processo essencial para manter ou aumentar a massa muscular.
Este estudo revisou como diferentes intervenções alimentares, especialmente relacionadas à quantidade e qualidade das proteínas consumidas, podem afetar a síntese proteica ao longo do tempo. A técnica utilizada no estudo, chamada de rastreamento com óxido de deutério (D2O), permite avaliar esses efeitos em condições reais e não somente em ambientes controlados de laboratório. Com isso, é possível ter uma visão mais completa sobre como as intervenções nutricionais funcionam em nosso dia a dia.
Em adultos jovens, que geralmente possuem uma boa manutenção muscular, observou-se que o consumo de proteínas animais e vegetais em quantidades elevadas pode oferecer resultados similares de síntese proteica, desde que haja uma ingestão suficiente de proteína total. Contudo, a qualidade das proteínas (especialmente proteínas de alto valor biológico, como as de origem animal) mostrou um efeito mais significativo na manutenção da síntese proteica, especialmente em idosos.
Em indivíduos mais velhos, a questão é mais complexa devido ao fenômeno chamado resistência anabólica, que reduz a capacidade do músculo de responder ao estímulo das proteínas ingeridas. Para superar essa resistência, é recomendado um consumo maior de proteínas, ultrapassando 1,2 g/kg por dia. Neste contexto, as proteínas de origem animal, como o soro do leite (whey protein), são particularmente eficazes em aumentar a síntese muscular. Além disso, a suplementação com leucina, um aminoácido encontrado em abundância em proteínas animais, também demonstrou resultados promissores ao estimular a síntese proteica muscular mesmo com quantidades menores de proteínas totais.
Outra observação importante do estudo é que o impacto de dietas ricas em proteínas é potencializado pela distribuição equilibrada dessas proteínas ao longo do dia. Por exemplo, consumir cerca de 30 a 40 gramas de proteínas por refeição parece otimizar o estímulo muscular em idosos.
Portanto, dietas focadas em proteínas animais como carnes, ovos, peixes e laticínios, que são fontes naturais de proteínas completas e leucina, podem ser estratégicas para preservar a saúde muscular especialmente com o avanço da idade. A integração dessas fontes alimentares diariamente parece ser a abordagem mais eficaz para manter ou mesmo aumentar a massa muscular e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida na terceira idade.
Com isso, fica claro que a escolha alimentar não é apenas uma questão calórica ou de nutrientes isolados, mas envolve a seleção de alimentos que possam fornecer quantidades e qualidades adequadas de proteínas para garantir a máxima eficiência na manutenção muscular ao longo da vida.