Um grande estudo publicado no Journal of Science and Medicine in Sport analisou exames de sangue de mais de 2.500 atletas olímpicos, de várias modalidades e países, para entender como o corpo deles responde ao treino intenso e quais alterações aparecem mesmo em pessoas consideradas muito saudáveis.
Muitos imaginam que atletas de elite têm exames “perfeitos”. Mas o estudo mostrou que mais da metade apresentava algum tipo de alteração. Isso não quer dizer que estavam doentes, mas indica que o corpo sob treino pesado passa por adaptações fortes, e às vezes sinais de sobrecarga que precisam ser acompanhados.
Os pesquisadores explicam que monitorar o sangue ajuda a prevenir queda de rendimento, lesões e problemas de saúde a longo prazo.
Como o estudo foi feito
- Foram avaliados 2.525 atletas olímpicos, homens e mulheres, entre 18 e 35 anos.
- As amostras de sangue foram coletadas em jejum, de manhã, com protocolo igual para todos.
- Os exames incluíram: hemograma, ferro, vitaminas, colesterol, glicose, hormônios, cortisol e eletrólitos.
- Os atletas foram divididos por tipo de esporte: resistência (endurance), potência, habilidade e misto.
Principais resultados
- Mais de 60% dos atletas tinham algum exame fora do ideal. Em muitos casos, eram variações ligadas ao esforço intenso, e não doenças. Mesmo assim, exigem acompanhamento.
- Colesterol e glicose alterados foram achados comuns.
- Cerca de 1 em cada 5 atletas tinha o colesterol LDL alto.
- 8% tinham glicose de jejum elevada, o que pode indicar resistência à insulina.
- Isso mostra que boa forma física não protege totalmente de alterações metabólicas.
- Cortisol alto e ferro baixo chamaram atenção.
- 15% apresentaram níveis altos de cortisol, hormônio do estresse. Isso pode refletir excesso de treino, pouco descanso ou pressão competitiva.
- Quase 10% tinham falta de ferro, e nas mulheres o número foi ainda maior: 16%.
- Problemas com eletrólitos foram comuns.
- Cerca de um quarto apresentou alterações em minerais do sangue, principalmente cálcio e fósforo.
- Essas mudanças podem acontecer por suplementação inadequada ou hidratantes mal ajustados.
- Diferenças entre esportes.
- Atletas de modalidades de habilidade, como ginástica e nado sincronizado, mostraram mais alterações metabólicas do que os de resistência ou força.
- O tipo de treino, a dieta e o nível de estresse podem explicar parte disso.
Diferenças entre homens e mulheres
- Mulheres tiveram mais casos de ferro baixo e cortisol elevado, o que pode afetar energia e desempenho.
- Homens apresentaram mais colesterol e glicose altos, além de mais cálcio elevado.
- Essas diferenças mostram que o acompanhamento deve ser personalizado, levando em conta sexo, tipo de esporte e fase da temporada.
O que isso significa na prática
Mesmo atletas olímpicos — que treinam com controle rigoroso de alimentação e sono — podem ter alterações que precisam de atenção médica.
Esses resultados lembram que:
- O corpo humano tem limites de adaptação.
- Treinar muito sem recuperar bem pode gerar desequilíbrios hormonais e metabólicos.
- Fazer check-ups regulares é essencial para detectar cedo essas mudanças.
- Pequenas correções na alimentação, sono e periodização do treino ajudam a manter o equilíbrio.
Conclusão
O estudo mostra que saúde e desempenho não são a mesma coisa. Um atleta pode estar em excelente forma e, ainda assim, ter colesterol, ferro ou hormônios alterados. O segredo é monitorar e ajustar, para que o corpo continue forte e eficiente ao longo da carreira.
Fonte: https://doi.org/10.1016/j.jsams.2025.07.002
