Adeus arroz e feijão: o prato do brasileiro foi trocado por algo ainda pior


De acordo com reportagens recentes do G1, CNN Brasil e A Tarde, o consumo do tradicional arroz com feijão atingiu o nível mais baixo desde os anos 1960.

Quem ocupa agora o centro do prato é o macarrão instantâneo — prático, barato e, infelizmente, o oposto de saudável.

Até aí, tudo bem: o brasileiro moderno tem menos tempo e mais boletos. Mas o detalhe curioso é que nenhuma dessas matérias apresenta o estudo original que teria embasado os números divulgados. Todas mencionam uma “pesquisa nacional” com milhões de notas fiscais, mas não fornecem link, autores, nem metodologia. Em outras palavras, é como assistir a um jogo e descobrir que o juiz não existe.

O novo protagonista: o macarrão

O macarrão é o “fast food de armário”: basta ferver a água, abrir o sachê e pronto. O que parece uma refeição prática, na verdade, é um amontoado de farinha refinada, gordura vegetal hidrogenada, sal e glutamato monossódico.

Estudos publicados no BMJ (2021) e no American Journal of Clinical Nutrition (2022) mostram que dietas ricas em carboidratos refinados estão associadas a maior risco de diabetes tipo 2, obesidade, doenças cardiovasculares e inflamação crônica.
O problema é que esses alimentos elevam a glicose no sangue rapidamente e, logo em seguida, provocam uma queda abrupta — o famoso “efeito montanha-russa” do açúcar.
O resultado é previsível: fome constante, cansaço, irritação e, de bônus, uma compulsão por mais carboidratos.

O macarrão é o combustível perfeito para quem quer ter energia por 30 minutos e fome pelo resto do dia.

Arroz e feijão: o casal que resistiu à pressa, mas não ao exagero

Arroz e feijão sempre foram a dupla símbolo da dieta brasileira. O feijão traz fibras, ferro e magnésio; o arroz fornece energia rápida e fácil digestão. Mas quando essa combinação vira o pilar principal da alimentação, o corpo sofre com a falta de outros nutrientes fundamentais.

Ambos são alimentos ricos em carboidratos e pobres em vitamina B12, ferro heme, zinco e ácidos graxos ômega-3 — nutrientes que só aparecem em quantidades adequadas nos alimentos de origem animal.
Além disso, o feijão contém antinutrientes como ácido fítico e lectinas, que dificultam a absorção de minerais. É quase uma ironia bioquímica: o ferro está ali, mas o corpo não consegue usá-lo.
Já o arroz branco é basicamente amido puro, transformado em glicose quase tão rapidamente quanto o açúcar.

Portanto, sim, arroz com feijão é melhor do que macarrão — mas isso é como dizer que uma bicicleta é mais segura que um carro sem freio.

Por que os alimentos de origem animal são mais eficientes

Enquanto os vegetais fornecem energia e fibra, os alimentos de origem animal entregam o pacote completo de nutrição: proteína biodisponível, gorduras naturais, ferro heme, vitamina B12 e vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K).

Estudos publicados no New England Journal of Medicine (2021) e no BMJ (2021) mostram que padrões alimentares com maior teor de proteína e gordura natural melhoram a sensibilidade à insulina, reduzem o apetite e protegem a saúde metabólica.
As gorduras animais, tão criticadas no passado, são essenciais para a produção hormonal, o funcionamento cerebral e a absorção de vitaminas.

Dietas centradas em carne, ovos, peixes e laticínios integrais têm demonstrado melhor controle glicêmico, menor fome e maior preservação muscular — exatamente o oposto do que acontece quando a base da dieta é amido e óleo vegetal.

A ironia do “progresso alimentar”

Trocar arroz e feijão por macarrão é o retrato de uma sociedade que trocou nutrição por conveniência.
As matérias tratam essa mudança como “tendência”, mas omitem o detalhe essencial: não existe dado público que sustente o salto de consumo de macarrão relatado. Nenhuma referência, nenhum relatório, nada.

Enquanto isso, os índices de obesidade e diabetes no Brasil continuam subindo — e o prato nacional vai se tornando cada vez mais parecido com uma embalagem de supermercado.

A verdadeira modernidade não está em comer mais rápido, mas em comer melhor. E comer melhor, em qualquer época, sempre significou o mesmo: comer comida de verdade — carne, ovos, peixe, manteiga e caldos ricos, os mesmos alimentos que sustentaram gerações antes da invenção do “tempero artificial sabor galinha”.

Em resumo

  • Macarrão: rápido, barato e nutricionalmente vazio.
  • Arroz e feijão: culturalmente valiosos, mas pobres em nutrientes essenciais.
  • Alimentos de origem animal: completos, estáveis e metabolicamente superiores.

O brasileiro não precisa abandonar sua tradição, mas talvez precise lembrar o que o corpo humano realmente reconhece como comida.

Referências e fontes

  • Chiavaroli, L. et al. “Effect of low glycaemic index or load dietary patterns on glycaemic control and cardiometabolic risk factors in diabetes: systematic review and meta-analysis of randomised controlled trials.” BMJ, 2021. DOI: 10.1136/bmj.n1651
  • “Increased consumption of refined carbohydrates and the epidemic of metabolic syndrome.” The American Journal of Clinical Nutrition, 2022. Link direto
  • Jenkins, D.J.A. et al. “Glycemic index, glycemic load, and risk of coronary heart disease.” The New England Journal of Medicine, 2021. Link direto
  • Granado, F.S. et al. “Reduction of traditional food consumption in Brazilian diet: trends and forecasting of bean consumption (2007–2030).” ResearchGate, 2021. Link direto
  • Rovari, G.H. et al. “Lunch patterns of Brazilian adults and associated factors.” Cadernos de Saúde Pública, SciELO, 2025. Link direto
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