Baixo consumo de carne alimenta preocupações sobre nutrição infantil


A acessibilidade e a falta de conscientização levam ao baixo consumo de produtos de origem animal entre crianças etíopes, levando especialistas a planejar intervenções.


A desnutrição e a baixa diversidade alimentar continuam sendo desafios significativos para as crianças na Etiópia, apesar da grande população de gado do país, destaca um estudo.

O estudo, liderado por uma equipe de pesquisadores da Academia Global de Agricultura e Sistemas Alimentares, revela que apenas uma pequena porcentagem de crianças menores de cinco anos consome regularmente alimentos de origem animal, como leite, ovos ou carne.

O estudo descobriu que laticínios e ovos eram os alimentos de origem animal mais consumidos, mas carne e frutos do mar raramente eram consumidos. Isso limita a variedade e a qualidade das dietas das crianças, aumentando os riscos de desnutrição e crescimento atrofiado.

As descobertas também sugerem que a acessibilidade e a falta de conscientização entre os cuidadores são as principais barreiras para incluir carne na dieta de crianças pequenas.

Principais barreiras

A equipe de pesquisa analisou dados de uma pesquisa nacional de saúde familiar e realizou entrevistas com membros da comunidade para entender as razões por trás do baixo consumo de carne e outros produtos de origem animal.

As descobertas indicam que alimentos de origem animal, especialmente carne, continuam inacessíveis para muitas famílias na região estudada. Além disso, muitos cuidadores desconhecem os benefícios nutricionais dos alimentos de origem animal, muitas vezes optando por vender produtos de origem animal para obter renda em vez de alimentá-los com seus filhos.

Práticas culturais e religiosas, como períodos prolongados de jejum, limitam ainda mais o acesso das crianças a alimentos ricos em nutrientes, apesar dos líderes religiosos aconselharem contra o jejum para crianças pequenas.

Impacto a longo prazo

Os resultados mostram que em Amhara, uma grande região agrícola no norte da Etiópia, apenas uma em cada 10 crianças consome regularmente algum alimento de origem animal como parte de sua dieta, com crescimento atrofiado afetando quase metade das crianças na região.

Comer mais carne pode ajudar a prevenir o nanismo, que é causado principalmente pela falta de diversidade alimentar. Isso pode ter impactos de longo prazo na capacidade cognitiva, produtividade e perspectivas econômicas das crianças, prendendo as famílias em ciclos de pobreza, dizem os pesquisadores.

Eles acrescentam que introduzir apenas um item de carne na dieta de uma criança por dia pode fazer uma diferença drástica.

Soluções baseadas em dados

A Global Academy of Agriculture and Food Systems faz parte do Easter Bush Agritech Hub, um dos seis hubs na região da cidade de Edimburgo que formam a rede Data Driven Innovation (DDI), que apoiou este estudo. A missão do Agritech Hub é promover sistemas alimentares globais enquanto trabalha em direção a um setor Agritech de carbono zero líquido e influencia políticas alimentares e ambientais.

Ao conectar dados locais com insights globais, a equipe de pesquisa espera lançar intervenções em larga escala para promover o consumo de alimentos de origem animal em Amhara, incluindo um projeto que visa educar cuidadores sobre os benefícios da carne para crianças pequenas, mas um conflito civil em andamento atrasou a implementação dessas iniciativas.

Este estudo foi publicado na Maternal and Child Nutrition, em colaboração com colegas do International Food Policy Research Institute (IFPRI) e do International Livestock Research Institute (ILRI). O trabalho foi apoiado pelo programa de pesquisa e inovação Horizon 2020 da União Europeia.

Acessibilidade e falta de conscientização são barreiras para incluir carne na dieta de crianças na Etiópia. No entanto, por meio de intervenções sociais direcionadas que educam os cuidadores sobre os benefícios nutricionais dos alimentos de origem animal, podemos melhorar significativamente a diversidade alimentar das crianças. — Dr. Taddese Zerfuautor principal, Academia Global de Agricultura e Sistemas Alimentares

As famílias frequentemente priorizam a venda de alimentos de origem animal para obter renda, sem saber do papel crítico que desempenham no desenvolvimento infantil. Isso ressalta a necessidade de intervenções direcionadas focadas tanto na conscientização quanto na acessibilidade.” — Professor Alan DuncanProfessor de Pecuária e Desenvolvimento, Academia Global de Agricultura e Sistemas Alimentares


Fonte: https://bit.ly/4gjgRIC

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