Pesquisadores no Japão usam composto de soja para tornar bagre 100% fêmea


Uma equipe de investigadores no Japão conseguiu tornar o bagre todo fêmea com um composto encontrado na soja - um desenvolvimento que promete aumentar a eficiência da produção desta e de outras espécies cujas fêmeas são mais valiosas que os machos no mercado alimentar.

A equipe, do Instituto de Pesquisa em Aquicultura da Universidade de Kindai e baseada na Estação Shingu do instituto em Shingu, província de Wakayama, usou isoflavona - um composto encontrado na soja com efeito semelhante aos hormônios femininos - para criar o grupos exclusivamente femininos de bagres. O feito é inédito no Japão, segundo a universidade.

À medida que as fêmeas dos bagres crescem mais rápido que os machos, “ao torná-los todos fêmeas, a eficiência da produção aumentará”. comentou o líder da equipe e professor associado de ciências da aquicultura, Toshinao Ineno. “Isso pode ser aplicado a outros peixes criados em fazendas cujas fêmeas são mais valiosas.”

Segundo Ineno, no cultivo de bagres, que tem chamado a atenção como alternativa à cada vez mais escassa enguia, as fêmeas atingem o peso de envio - pelo menos 600 gramas - seis a 10 meses após a eclosão. Os machos, que crescem mais lentamente, são frequentemente descartados. Embora se saiba que a administração de hormônio feminino transforma bagres machos em fêmeas, esse método é proibido para peixes para consumo humano. Então Ineno teve a ideia de usar a isoflavona de soja, que é vendida comercialmente como suplemento alimentar.

O experimento foi conduzido com bagres divididos em cinco tanques diferentes; uma de água regular para piscicultura; três com diferentes concentrações de "genisteína" um componente químico da isoflavona da soja; e um com hormônio feminino dissolvido na água. A equipe manteve 150 alevinos em cada tanque por 15 dias, antes de transferi-los para água comum até completarem 150 dias de idade. Enquanto 68% dos bagres no tanque de água comum eram fêmeas, 96% dos bagres mantidos na água com genisteína na concentração de 100 microgramas por litro eram fêmeas. Uma concentração de 400 microgramas por litro rendeu um grupo 100% feminino, o mesmo que no grupo da água tratada com hormônio feminino.

Embora a genisteína extraída tenha sido utilizada como reagente no experimento, o método é proibido na criação de peixes para consumo humano. Ineno disse: “No futuro, gostaríamos de pensar em métodos pelos quais o bagre possa absorver a isoflavona da soja em seus alimentos, como borras de soja”. Ele também acrescentou que a equipe pretende tentar fazer com que os esturjões - o peixe que produz caviar - sejam fêmeas usando também a isoflavona da soja.

Fonte: https://bit.ly/3th2K3S

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