O "Dia do Lixo" ajuda ou atrapalha na dieta?


A “Cheat Meal” é um comportamento alimentar emergente em que as pessoas podem consumir esporadicamente uma grande quantidade de alimentos em um dia, alegando que esse comportamento alimentar descontrolado não afetaria a saúde ou a adiposidade corporal.

É muito comum que, pelo menos uma vez por semana, as pessoas apenas relaxem e consumam algum tipo de “junk food”. De fato, o consumo de “junk food” aumentou durante as pandemias de SARS-CoV-2, como a obesidade.

Apesar da clara correlação entre o consumo de “junk food” e o crescimento da obesidade, não há nenhum estudo avaliando os efeitos do consumo ocasional (e porque não dizer mais aceitável) de alimentos altamente calóricos (“junk food”) sobre as comorbidades associada à exposição a um ambiente obesogênico.

No trabalho atual, imitaram o consumo de “dia do lixo” dando aos camundongos uma dieta rica em gordura saturada e açúcar simples uma vez por semana, de alguma forma comparando-a com pessoas que comem esporadicamente “junk food”.

Os dados aqui mostram que o consumo de dieta ocidental por 24 h prejudica os testes de tolerância à glicose (TTG) em camundongos. O comprometimento do TTG induzido pela dieta foi revertido após 24h de ingestão regular de ração.

No entanto, essa reversão é um processo dependente do tempo que também depende da gravidade da condição. Assim, esperava-se que o comprometimento do TTG induzido de forma aguda fosse revertido logo após a revogação do ambiente obesogênico, neste caso, a dieta ocidental.

Todavia, quando essa exposição aguda ao ambiente obesogênico foi repetida hebdomadamente, a reversão do comprometimento do TTG exigiu períodos de revogação mais longos, como após 12 semanas consecutivas, um consumo de 6 dias de dieta normal regular não foi suficiente para reverter o comprometimento do TTG.

Pragmaticamente, isso significa que, após períodos mais longos de consumo uma vez por semana de “junk food” pode induzir de forma sustentável a resistência à insulina, pelo menos até certo ponto.

Os autores sugerem que o consumo regular de ultraprocessados, mesmo quando não de forma contínua, pode levar à Doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) e à resistência à insulina.

Os resultados sugerem que o consumo pontual, ou esporádico, de ultraprocessados, devido ao alto teor de açúcar simples e gordura, pode desencadear um prejuízo transitório do TTG, indicativo de resistência à insulina. No entanto, a repetição semanal do insulto transforma esse efeito transitório em um efeito sustentado, compatível com o consumo contínuo de ultraprocessados.

Além disso, com base em trabalhos anteriores, é muito possível que os aditivos alimentares, altamente presentes nos ultraprocessados, agravem a resistência à insulina induzida pela dieta e a DHGNA.

Portanto, este trabalho alerta para a cautela quanto ao consumo de ultraprocessados, mesmo quando consumido esporadicamente.


Fonte: https://go.nature.com/3lYxgve

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