Sobrevivência Livre de Progressão por 38 Meses em Paciente com Glioblastoma Recorrente: Relato de Caso com Dieta Paleolítica Cetogênica (PKD) como Tratamento Exclusivo

O glioblastoma multiforme é um dos tipos mais agressivos de câncer cerebral, com expectativa mediana de sobrevida inferior a 15 meses mesmo após cirurgia, radioterapia e quimioterapia. No entanto, um relato de caso conduzido pela equipe da Paleomedicina Hungria documenta um desfecho extraordinário: um paciente que, após recidiva da doença, recusou tratamento convencional e adotou exclusivamente a Dieta Paleolítica Cetogênica (PKD), permanecendo sem progressão e livre de sintomas por 38 meses.

Histórico Clínico

O paciente, que já havia tratado um câncer de bexiga anos antes, apresentou em janeiro de 2016 um tumor cerebral de grandes dimensões (44 x 60 x 55 mm). Foi submetido a cirurgia subtotal, seguido por radioterapia e quimioterapia com temozolomida. Em agosto do mesmo ano, exames revelaram recorrência tumoral. Diante disso, o paciente optou por interromper a terapia convencional e iniciar a PKD sob supervisão da equipe médica.

A Dieta PKD

A PKD aplicada neste caso foi uma dieta animal-based com proporção gordura:proteína de aproximadamente 2:1 em peso. O protocolo excluiu todos os alimentos modernos, como laticínios, grãos, leguminosas, óleos vegetais, adoçantes, suplementos e inclusive alimentos vegetais, mesmo aqueles considerados permitidos em versões mais flexíveis da dieta. A adesão do paciente foi rigorosa, com exceção do consumo eventual de café — um fator identificado como influente na absorção de ferro e em marcadores inflamatórios.

Resultados Clínicos e de Imagem

Durante 38 meses de seguimento:

  • Sem progressão tumoral: MRI seriadas mostraram estabilidade completa das dimensões do tumor e do cisto associado.
  • Sem sintomas neurológicos: o paciente não apresentou convulsões, déficits cognitivos ou motores.
  • Suspensão de medicação: a pressão arterial normalizou em uma semana, permitindo interrupção dos anti-hipertensivos.
  • Qualidade de vida preservada: manteve plena capacidade funcional e força física durante todo o acompanhamento.

Marcadores Bioquímicos

Os exames laboratoriais mostraram glicemia baixa, níveis elevados de colesterol total, mas triglicerídeos e ácido úrico normais. A maioria dos minerais e vitaminas esteve dentro da normalidade, com exceção do ferro em duas ocasiões e da vitamina D ao final do acompanhamento. Os marcadores inflamatórios, como PCR e TNF-α, permaneceram baixos, exceto em episódios pontuais associados ao consumo de café.

Permeabilidade Intestinal

Em janeiro de 2018, aos 17 meses de dieta, o teste de PEG400 mostrou permeabilidade intestinal normalizada, um aspecto considerado central na hipótese terapêutica do grupo Paleomedicina. Estudos anteriores haviam demonstrado que o comprometimento da barreira intestinal está associado à carcinogênese e à falha terapêutica em cânceres diversos. A PKD, ao contrário de outras intervenções dietéticas, foi capaz de restaurar essa função de barreira.

Comparações com Outras Estratégias Dietéticas

Ensaios clínicos com a dieta cetogênica tradicional não mostraram benefícios consistentes em glioblastoma. Por exemplo:

  • No estudo ERGO, todos os pacientes progrediram em média após apenas 5 semanas.
  • Outro estudo documentou sobrevida média de 12,8 meses com cetogênica associada ao tratamento convencional.

Em contraste, o presente caso é o primeiro a documentar sobrevida livre de progressão por 38 meses com dieta como tratamento único, sem quimioterapia nem radioterapia após a recidiva.

Considerações Finais

Este caso desafia o paradigma atual do tratamento oncológico ao mostrar que uma intervenção exclusivamente nutricional, baseada em preceitos evolutivos e no rigor da exclusão alimentar moderna, pode ser associada a controle tumoral duradouro em um dos cânceres mais letais. Embora não generalizável sem estudos clínicos maiores, o relato contribui para reavaliar o papel de terapias metabólicas no manejo do câncer, em especial quando se foca na integridade da barreira intestinal e na evitação de elementos potencialmente pró-inflamatórios da dieta moderna.

Fonte: http://doi.org/10.20944/preprints201912.0264.v1

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