Efeitos da musculação combinada com uma dieta de carne vermelha na qualidade de vida relacionada à saúde em mulheres idosas.

Um estudo controlado randomizado investigou se combinar exercícios de resistência com uma dieta rica em proteínas de carne vermelha magra poderia melhorar a qualidade de vida em mulheres idosas. Os resultados revelaram que essa combinação produziu benefícios significativamente maiores para a qualidade de vida geral e função física em comparação com exercícios de resistência isolados.

Contexto e Problema Estudado

À medida que as pessoas envelhecem, ocorre uma perda natural de massa muscular, força e função, condição conhecida como sarcopenia. Esta condição está associada a múltiplos resultados adversos, incluindo mobilidade reduzida, aumento do risco de quedas e fraturas, incapacidade física e perda de independência. Pesquisas anteriores também demonstraram que a sarcopenia e suas manifestações estão associadas à redução da qualidade de vida relacionada à saúde, particularmente em termos de função física prejudicada.

Metodologia do Estudo

O estudo foi conduzido como um ensaio clínico controlado randomizado por clusters durante 4 meses, envolvendo 100 mulheres com idades entre 60 e 90 anos (média de 73 anos) residentes em vilarejos de aposentados independentes. As participantes foram divididas em dois grupos:

Grupo Intervenção (RT + Carne): Recebeu treinamento de resistência duas vezes por semana combinado com 160g diários de carne vermelha magra cozida, consumida em 2 refeições por dia, 6 dias por semana.

Grupo Controle (CRT): Realizou o mesmo programa de exercícios, mas seguiu uma dieta controle com pelo menos 1 porção diária de carboidratos (25-30g).

Programa de Exercícios

Todas as participantes seguiram um programa individualizado de treinamento de resistência progressiva e exercícios de equilíbrio-agilidade supervisionado, realizado duas vezes por semana durante 4 meses. Cada sessão durava aproximadamente 45-60 minutos e incluía:

  • Aquecimento de 5-10 minutos com exercícios rítmicos
  • 30-40 minutos de exercícios de baixo impacto e treinamento de resistência de intensidade moderada
  • Resfriamento de 5-10 minutos com exercícios de alongamento

Avaliações Realizadas

A qualidade de vida relacionada à saúde foi avaliada através do questionário SF-36 Health Survey, que mede oito domínios específicos de saúde e produz dois escores resumo: o componente físico (PCS) e o componente mental (MCS). Também foram avaliados a força muscular máxima dos membros inferiores e a massa de tecido magro através de absorciometria por raios-X de dupla energia.

Principais Resultados

Aderência ao Estudo

Do total de 100 participantes, 91 mulheres (91%) completaram o estudo. A aderência média aos exercícios foi de 74% em ambos os grupos, sem diferença significativa entre eles. A ingestão média de proteína foi significativamente maior no grupo RT + Carne em comparação ao grupo controle durante todo o estudo (1,3 vs 1,1 g/kg por dia).

Impactos na Qualidade de Vida

Após 4 meses, o grupo RT + Carne apresentou benefícios líquidos significativos em comparação ao grupo controle para:

  • Qualidade de vida geral: Melhoria significativa
  • Componente físico (PCS): Benefício líquido significativo
  • Função física: Melhoria nos subdomínios de funcionamento físico, limitações por problemas físicos e dor corporal

Não houve mudanças significativas no componente mental (MCS) em nenhum dos grupos após 4 meses de treinamento.

Associação com Força Muscular

As mudanças na força muscular dos membros inferiores, mas não na massa de tecido magro, foram positivamente associadas às mudanças na qualidade de vida geral. Isso sugere que melhorar a força muscular pode ser um elemento-chave para aprimorar a qualidade de vida durante o envelhecimento.

Mecanismos Propostos

Os pesquisadores sugerem que a combinação de exercícios de resistência com maior ingestão de proteína pode ser particularmente benéfica para adultos mais velhos devido a um fenômeno conhecido como "resistência anabólica". Com o envelhecimento, a sensibilidade anabólica do músculo esquelético à proteína dietética fica prejudicada, fazendo com que adultos mais velhos necessitem de uma ingestão diária de proteína superior a 1,2-1,5 g/kg para maximizar a resposta anabólica ao exercício.

Limitações do Estudo

Os autores reconhecem algumas limitações importantes:

  • Esta foi uma análise secundária de um estudo originalmente desenhado para avaliar mudanças na massa muscular e força
  • A amostra incluiu mulheres relativamente saudáveis e independentes, limitando a generalização dos achados
  • A natureza de autorrelato do questionário SF-36 pode estar sujeita a viés de relato
  • Não havia um grupo controle não-exercitante para comparação

Implicações Práticas

Os resultados sugerem que profissionais de saúde devem considerar combinar programas estruturados de exercícios de resistência com orientações nutricionais específicas para aumentar a ingestão de proteína de alta qualidade em mulheres idosas. A pesquisa anterior demonstrou que a função física desempenha um papel fundamental na qualidade de vida, com os principais fatores sendo energia, ausência de dor, capacidade de realizar atividades da vida diária e capacidade de locomoção.

Conclusões

Este estudo demonstrou que um programa supervisionado e estruturado de treinamento de resistência progressiva, quando combinado com uma dieta enriquecida com proteína através do consumo de carne vermelha magra, resultou em maiores benefícios líquidos na qualidade de vida relacionada à saúde em comparação com treinamento de resistência isolado em mulheres idosas saudáveis. Os achados contribuem para o crescente corpo de evidências que apoiam os benefícios à saúde e bem-estar do aumento da ingestão de proteína dietética de alta qualidade em adultos mais velhos, particularmente quando combinado com exercícios.

A pesquisa reforça a importância de manter ou melhorar a capacidade funcional, especialmente a força muscular dos membros inferiores, na vida adulta tardia para preservar a qualidade de vida e a independência.

Fonte: https://doi.org/10.1017/S0007114517001507

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